
Fontes: Rebelião
Em menos de dois anos, Brasil e Paraguai terão que rever o tratado de Itaipu, a hidrelétrica com maior produção de energia no mundo. Desde que o acordo foi firmado, há 50 anos, e a hidrelétrica entrou em operação, a binacional beneficiou o Brasil quase que exclusivamente.
O Paraguai consome apenas 2% da energia gerada, mas devido a um tratado suspeito e injusto assinado em 1973 sob tutela norte-americana, 48% da energia não utilizada deve ceder ao Brasil, a um preço infinitamente inferior ao seu valor comercial. A preços de mercado, o Paraguai deverá receber cerca de 3 bilhões de dólares anuais pela energia transferida ao Brasil, e esta é uma das questões cruciais que devem ser revistas no novo tratado. Se um tratado mais justo for alcançado, o Paraguai poderá dispor livremente de 50% da energia produzida e vendê-la a terceiros a preços de mercado.
Quando começou a discutir a construção da hidrelétrica, o socialista João Goulart, em janeiro de 1964, havia garantido ao seu homólogo paraguaio que seu governo não aprovaria nenhum tratado que prejudicasse os interesses do povo paraguaio, e que se o acordo fosse O Paraguai assinado responderia por metade dos lucros gerados pela hidrelétrica. Poucos meses depois, o governante brasileiro - tenaz adversário da invasão americana a Cuba - foi afastado do poder por meio de um golpe orquestrado pela CIA. O tratado de Itaipu seria finalmente assinado por uma ditadura militar submetida ao império. Com o golpe, o Paraguai perdeu seu melhor aliado, o Brasil.
Quase cinco décadas depois desse gesto de solidariedade do presidente Goulart, outro socialista, José Ignacio Lula da Silva, assinaria um novo acordo em 2011, triplicando a indenização ao Paraguai em 360 milhões de dólares anuais pela energia transferida. Independentemente de quem presidisse o Paraguai, os governos progressistas eram muito solidários em relação à barragem de Itaipu. A história mostra isso.
Mas, como era de se esperar, Bolsonaro tem se mostrado extremamente hostil à renegociação do Anexo C do tratado que viria a beneficiar o Paraguai, nomeando um militar como negociador-chefe, como se se tratasse de uma guerra.
Em 2022 há eleições no Brasil e os ventos não trazem boas notícias para Bolsonaro, sua popularidade está sendo esmagada pela gestão criminosa que torna a pandemia a ponto de ser considerada um genocida de seu próprio povo. Pior ainda, Lula lidera todas as pesquisas, e provavelmente será com seu governo que o Estado paraguaio renegociará o tratado, e para o Paraguai sempre será infinitamente melhor se um representante de Lula estiver do outro lado da mesa, ao invés de o emissário de um genocídio.
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