Combinação das bandeiras da Suécia e da Otan em foto de ilustração (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)
Essa quase omissão ficará marcada para a Ucrânia, e pode marcar outros países que venham a entrar na Otan, como Finlândia e Suécia
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Não se sabe ainda que efeito terá a interferência do presidente turco Recep Erdogan na questão, mas a concretização do ingresso de Finlândia e Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, não trará coisa boa. Assim entende, por exemplo, Pedro Dallari, professor titular do Instituto de Relações Internacionais da USP nada simpático à invasão russa da Ucrânia.
À coluna, Dallari disse que o ingresso dos dois países na Otan pode agravar o quadro de segurança na Europa. Seria uma iniciativa, contudo, compreensível, dado o temor que a ação russa gerou nos países da região.
“É um quadro muito grave”, falou-nos Dallari.
Para o professor, as violações de direitos humanos cometidas pela Rússia de Putin são responsáveis pela deterioração do quadro de integração internacional, “com terríveis consequências para a própria população russa”. De todo modo, embora manifestem contrariedade com a iniciativa dos dois países nórdicos, autoridades russas têm sinalizado que a reação dependerá do grau da presença militar que a Otan terá nos novos membros.
Dallari aposta que a presença da Otan na Finlândia e na Suécia não será tão ampla, constituindo antes de tudo uma medida acautelatória.
Por outro ângulo, os movimentos da Otan já há algum tempo podem soar como provocação. Com bem lembra Salem Nasser, professor de Direito Internacional da FGV, a Ucrânia já vinha sendo armada e treinada pela Organização muito antes de sofrer a ira de Putin.
Nasser faz uma análise interessante do caso ucraniano. Sendo um país que estava praticamente dentro da Otan e sofreu tamanha agressão, a Ucrânia merecia mais. Não recebeu nenhuma proteção efetiva além do envio de armas, as quais, na verdade, significam o prolongamento da guerra. Isso talvez indique que a Otan e os Estados Unidos estão usando a Ucrânia como um território de batalha para enfraquecer os russos.
Essa quase omissão ficará marcada para a Ucrânia, e pode marcar outros países que venham a entrar na Otan, como Finlândia e Suécia.
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