Jair Bolsonaro e filhos (Foto: Divulgação)
Comecei a remexer a memória à procura de uma imagem, postagem, tuite ou coisa do gênero que mostrasse Bolsonaro ou seus filhos trabalhando, mas não encontrei
Roberto R. Martins
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Quando saiu a notícia de que Bolsonaro e sua família adquiriram 51 imóveis sendo a maior parte em moeda corrente, muita gente deve ter pensado:
– Puxa vida! quanto trabalho esta família não deve ter tido! Estas compras devem ter sido resultado de muito suor de pai e filhos!
Eu também pensei isso. Então comecei a remexer a memória à procura de uma imagem, postagem, tuite ou coisa do gênero que mostrasse Bolsonaro ou seus filhos trabalhando, mas não encontrei. Recordemos primeiro do pai. - Ora – dirão alguns. – Ele sabe montar a cavalo! Então deve ter sido agricultor ou fazendeiro. Nunca o vi com uma enxada nas mãos, ou lavrando a terra; que eu saiba até hoje ele apenas foi mandado plantar batatas... É verdade que monta a cavalo, mas ao fazer isso se porta como cavaleiro ou cavalheiro? Ora, cavaleiro nunca o vi correndo atrás de uma novilha desgarrada para pegar pelo rabo e derrubar, como os bons vaqueiros; e cavalheiro também ele não é, até pelo contrário, no que diz respeito às mulheres ele as trata como traste desprezível, tem até uma filha que foi fruto de uma “fraquejada”. – Então deve ter sido um empresário! Pode até ser, embora ele nunca reivindicou esta posição. É possível que já entrou em alguma fábrica, mas à caça de votos, afinal trabalhadores também votam. No comércio, numa empresa de serviços? Deve ter entrado em muitas, mas não consta que já foi funcionário nem executivo de nenhuma delas. Afinal estas coisas dão trabalho... Além disso para ser executivo exige uma boa apresentação e ele prefere se portar como um desleixado, se apresentar em solenidades de chinelo, come derramando farinha pela mesa, se apresenta como um maltrapilho, acha que isso dá voto. – Bem – dirão outros – ele sabe andar de moto. Será que ele já foi entregador de algum fast food? Nunca vi nem soube. Moto pra ele é um veículo de passeio pra se mostrar e fazer motociata, preferivelmente com moto dos outros, ou oficiais, sem usar capacete – e presidente precisa usar capacete? – Mas pilota jet ski! Ah! Sim! É um grande piloto aquático do lago Paranoá. Certamente vai até colocar um submarino por lá pra garantir a tranquilidade de seus passeios e de sua exibição. Quando não passeia nas praias do Guarujá! Que trabalhão! – Mas ele é capitão, trabalhou muito no exército!
Bem, por certo ele hoje é capitão do ponto de vista formal. Mas é público e notório, que ele foi expulso do exército como tenente. E não foi por excesso de trabalho, pode ter sido por falta.... Mas o informado é que ele queria jogar umas bombas por ai... Então... sabe como é: depois de expulso mexeu uns pauzinhos e findou sendo inocentado e reformado. E como os militares têm um privilégio, ao ser reformado sobe de posto, virou capitão. Mas o que me parece é que ele nunca capitou nada, nadica de nada...
Com todo esse trabalho incansável, Bolsonaro pensou bem e deu um tiro certo: já sei o que vou fazer. Esse negócio de trabalho pesado não é comigo não. Vou ser deputado baixo clero, pois ai não é preciso fazer nada e deixa um dinheirinho... E ocupou a deputança por 28 anos. Deu uma graninha pra comprar a maioria do 51 imóveis, deixando o apartamento fornecido pela Câmara apenas “pra comer gente”. Mas cansou de ser deputado e resolveu dar um pulo maior: ser presidente. Conseguiu, da forma que sabemos. Só é meio chato esse negócio de dar expediente todos os dias... reduziu as horas, e antes passa sempre no chiqueirinho para dar suas patadas nos presentes e distantes, especialmente na imprensa e nas mulheres. E aproveitou para conhecer o mundo com o privilégio de comitiva e contas oficiais. Tirou foto até nas Índias em frente ao Taj Mahal... e pagou seus micos (e não mitos) pelo mundo afora... E gostou tanto de ser presidente – apesar das exigências de trabalho que ele terceiriza – que quer mais 4 anos de moleza e mamata. Dar um cochilo na poltrona presidencial é tão chic...
– Mas, e os filhos? Certamente eles suaram bastante as camisas...
Pode ser, em algum dia de muito calor, ou na prática de algum esporte aquecedor. Mas neste caso eles não puxaram o pai: não se apresentam como um vagabundo, desocupado, desleixado: estão sempre “nos trinques”. Terno e gravata bem apresentados, das melhores marcas. Até o 04 – é mais fácil numerar que usar um nome – está aprendendo cedo a lição maior do pai: esse negócio de trabalho... vou é usar a influência do Planalto para montar uma lucrativa empresa sem nenhum esforço...
Todos os outros três zeros à esquerda – pois a direita ficam os números um, dois e três – já aprenderam de há muito a verdadeira profissão do pai: ser político profissional do clero quanto mais baixo, melhor. Tem um que a profissão é ser vereador – afinal a milícia carioca precisa de um defensor na Câmara – e acompanhante do pai mundo afora... Os outros dois estão preferindo é Brasília mesmo, um por São Paulo, outro pelo Rio. Este, por sinal, já tinha feito o treinamento da rachadinha na assembleia fluminense, experiência antiga, que o diga Val do Açaí...
– Mas um deles já trabalhou nos Estados Unidos, o outro é bacharel em direito...
Verdade, tenho de reconhecer. Um deles morou uns anos na “pátria mãe”, chegou a ter uma carrocinha de vender cachorro quente – todo trabalho é digno, reconheço – e aprendeu inglês. Bem, é o que dizem uns, outros dizem que ele fala “ingrês”, língua bem falada como o russo da Mongólia... Este era pra ser embaixador nos “States”, mas de tão bem falar “ingrês” nem foi submetido à sabatina...
O bacharel pelo que dizem – eu mesmo não sei de nada – é que nunca advogou. Mas sabe vender chocolate do mais refinado... aqueles fabricados na Suíça. É sócio de uma loja num shopping carioca que vende milhões de chocolates, vende mais que a Nestlé. Afinal era preciso comprar uma mansãozinha de 6 milhõezinhos... em Brasília. Cash, ou pelo menos meio cash.
Mas esta minha crônica já vai desviando do objetivo, está sendo puxada para a maior especialidade “incorruptível” da família Bolsonaro. Volto ao título, pois o objetivo aqui é saber:
Você, leitor, já viu alguma postagem do Bolsonaro ou de seus quatro filhos zero à esquerda trabalhando? Fazendo o que?
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