domingo, 3 de março de 2024

Deus, um delírio - ( gota 1 )


Deus, um delírio
RICHARD DAWKINS
Tradução Fernanda Ravagnani
COMPANHIA DAS LETRAS

Neste livro, Richard Dawkins, um dos intelectuais mais respeitados da atualidade, arma-se mais uma vez de seu texto sagaz, sarcástico e muitas vezes divertido para atacar sem piedade, mas com muito fundamento, o que considera um dos grandes equívocos da humanidade: a fé em qualquer entidade divina ou sobrenatural, seja Alá, seja o Deus católico, evangélico ou judeu. 

"Se este livro funcionar do modo como espero, os leitores religiosos que o abrirem serão ateus quando o terminarem", diz ele no prefácio — não sem reconhecer sua presunção. Dawkins admite que dificilmente convencerá os fiéis recalcados, mas quer, pelo menos, atingir aqueles que creem por inércia e fazê-los assumir o ateísmo com orgulho. O tom é de quem quer mesmo mudar o mundo.

Para tal, o biólogo usa argumentos contundentes e muito bem embasados para questionar a tese do design inteligente e a própria existência de Deus, sugerindo hipóteses darwinistas para nossa predisposição psicológica a acreditar em uma entidade divina. Mais que isso, Dawkins faz um apelo apaixonado contra a doutrinação de crianças em qualquer religião. Para ele, o simples fato de dizermos "criança católica" ou "criança judia" é uma forma de abuso infantil, comparável até ao abuso sexual, tão absurdo como falar de "criança neoliberal". 

As provocações são propositais. Dawkins não trata questões religiosas com deferência. Um dos conceitos que ataca é justamente a ideia de que a religião mereça um respeito especial. Mas, se é agressivo para expressar sua indignação com o que considera um dos males mais preocupantes da atualidade, Dawkins refuta o negativismo. Ser ateu não é incompatível com bons princípios morais e com a apreciação da beleza do mundo. A própria palavra "Deus" ganha o seu aval na ressalva do "Deus einsteiniano", e o maravilhamento com o universo e com a vida, já manifestado em seus outros livros, encerra a argumentação numa nota de otimismo e esperança. 

Richard Dawkins nasceu em Nairóbi em 1941 e cresceu na Inglaterra. Formou-se pela Universidade de Oxford e deu aulas de zoologia na Universidade da Califórnia em Ber-keley. É titular da cátedra de Compreensão Pública da Ciência de Oxford. Dele, a Companhia das Letras publicou O relojoeiro cego, A escalada do monte Improvável, O capelão do diabo e Desvendando o arco-íris.

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