(Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
"Desde 2005, o bloco de poder que domina a cidade desenvolveu um processo de desajustes neoliberais", detalha Jeferson Miola
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A população de Porto Alegre está pagando com muita destruição, perdas e dor o preço de duas décadas de governos conservadores e neoliberais que destruíram as estruturas públicas, sucatearam serviços essenciais e deixaram a cidade totalmente desprotegida diante deste evento climático severo.
Desde 2005, com José Fogaça/MDB, até a atual gestão de Sebastião Melo/MDB, passando por José Fortunati/PDT e Nelson Marchezan/PSDB, o bloco de poder que domina a cidade desenvolveu um processo incremental e contínuo de desajustes neoliberais com privatizações, concessões, extinção de órgãos técnicos fundamentais, terceirização de serviços e destruição da inteligência técnica da Prefeitura em planejamento urbano, saneamento, zeladoria e outras áreas críticas.
O DEP, Departamento de Esgotos Pluviais, foi extinto em 2018 sem que suas funções tenham sido restabelecidas pelo atual governo, que deu continuidade ao processo de desmonte.
E o DMAE, Departamento Municipal de Águas e Esgotos, ano a ano foi sendo modulado para ser entregue a grupos privados, mesmo sendo eficiente e superavitário.
Atualmente, o DMAE funciona com apenas 1/3 do quadro de funcionários que, aliás, estão sendo fundamentais para garantir o abastecimento de água e regularização das estações de bombeamento, a despeito das imensas dificuldades de trabalho criadas pela gestão Melo-bolsonarista do órgão.
O resultado de duas décadas de gestões neoliberais catastróficas deixou Porto Alegre à deriva neste evento climático, quando se sabe que a cidade poderia ter sido protegida e não seria inundada se a Prefeitura não tivesse sido irresponsável e negligente.
O governo municipal foi negacionista e não valorizou as previsões de enchentes, que tal qual uma profecia, acabaram confirmadas.
A Administração Melo também não tomou providências mínimas, de baixo custo, comezinhas até, de manutenção do sistema de proteção contra enchentes – como, por exemplo, usar parafusos de pressão e borrachas de vedação nas comportas.
Esta negligência é agravada pelo fato de que durante as enchentes de setembro e novembro de 2023 o governo constatou que as falhas de manutenção causaram o alagamento da cidade mesmo com o Guaíba nas cotas de 3,16m e 3,48m naqueles meses.
E agora, no repique de chuvas e enchentes ocorrida no 24º dia do evento climático –que, importante dizer, não terminou, continua em desenvolvimento– a Prefeitura falhou novamente, deixando a população em pânico com alagamentos inclusive nos bairros elevados, que não tinham sido atingidos até então, mas que também foram atingidos devido ao colapso do sistema de drenagem e esgotamento pluvial e sanitário.
Desde a semana passada as previsões meteorológicas indicavam alta possibilidade dessas chuvas intensas que ocorreram na 5ª feira, 23/5.
Apesar disso, o governo não implementou as medidas preconizadas por especialistas, que consistiam em empregar mergulhadores para vedar as comportas, fazer o fechamento hermético dos Condutos Forçados do sistema de esgotamento de água, e consertar as bombas das estações de bombeamento, a maioria delas funcionando precariamente ou desligadas.
Mas, além de não realizar os procedimentos técnicos necessários, em 17/5 a Prefeitura decidiu derrubar a comporta 3 do Muro da Mauá, deixando a cidade ainda mais exposta à inundação. Uma medida absurda, contestada por renomados especialistas e executada por um governo que é causa do problema, não da solução.
A Administração Sebastião Melo representa o ápice catastrófico de 20 anos de gestões neoliberais de Porto Alegre, que deixaram a capital gaúcha submersa na lama de incompetência, negligência e omissão.
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