"A Guerra Fria nunca acabou para os neoconservadores e para a CIA", afirmou ele
Em entrevista ao canal Judging Freedom no YouTube, o renomado economista e professor Jeffrey Sachs criticou duramente a agenda neoconservadora dos Estados Unidos, afirmando que ela está por trás de todos os principais conflitos armados da atualidade, incluindo as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia. Segundo Sachs, desde o fim da Guerra Fria, a política externa dos EUA, sob a influência dos neoconservadores, tem buscado a dominação global a qualquer custo, ignorando as consequências desastrosas dessas ações para a paz mundial.
Sachs argumenta que essa postura hegemônica começou a ser consolidada nos anos 1990, após a dissolução da União Soviética. "A Guerra Fria nunca acabou para os neoconservadores e para a CIA", afirmou ele. "Nos anos 1990, tivemos a chance de construir um sistema de cooperação global, mas optamos por uma política de vitória e dominação. Queríamos expandir a OTAN para as fronteiras da Rússia, e isso provocou a escalada que vemos hoje."
A agenda neoconservadora, segundo Sachs, tem se manifestado em diversas frentes, como no apoio dos EUA à expansão militar e nas ações unilaterais em regiões estratégicas. Ele apontou que o apoio dos EUA a Israel em suas operações militares é mais um exemplo de como essa política busca a supremacia global, muitas vezes em detrimento da paz. Sobre o recente anúncio do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de uma possível invasão ao Líbano, Sachs foi enfático: "Israel está em guerra contra Gaza, e agora enfrenta ataques do Hezbollah no norte. O objetivo de Netanyahu é trazer os Estados Unidos para o conflito, pois Israel não pode vencer essas guerras sozinho."
Dominação em vez de cooperação
A crítica de Sachs também se estendeu à guerra na Ucrânia. Ele afirmou que o conflito é uma provocação liderada pelos EUA, que começou com a expansão da OTAN para o leste, aproximando-se perigosamente das fronteiras russas. “A Ucrânia é a borda da Rússia, e desde 1992 os EUA têm tentado cercar e isolar a Rússia. Esse conflito foi provocado pela decisão de expandir a OTAN, e agora temos uma guerra devastadora que poderia ter sido evitada.”
Sachs criticou o papel de figuras importantes da política externa americana, como Victoria Nuland, que, segundo ele, desempenhou um papel central em diversas administrações, tanto democratas quanto republicanas, na perpetuação dessa política de dominação. "Desde os anos 1990, Nuland está envolvida em todas as decisões que impulsionaram a expansão da OTAN e a intervenção nos assuntos internos da Rússia e da Ucrânia", afirmou Sachs. "Ela representa a continuidade de uma política que busca subjugar a Rússia, em vez de promover a cooperação."
Sachs também alertou para os riscos de uma escalada dos conflitos, especialmente no Oriente Médio. "Netanyahu acredita que, ao envolver os Estados Unidos em uma guerra contra o Irã, ele pode alcançar o objetivo de criar uma 'Grande Israel'. Mas isso é uma ilusão perigosa, que pode levar a uma guerra regional de grandes proporções, envolvendo também aliados como Rússia e China, que fazem parte do BRICS."
Ao comentar sobre o impacto dessas políticas nos EUA, Sachs foi claro: "A agenda neoconservadora não reflete a vontade do povo americano, mas sim de um pequeno grupo de elites que domina a política externa do país. O apoio a Israel, por exemplo, não é algo endossado pela maioria dos americanos, mas sim uma consequência do poder do lobby israelense em Washington."
Sobre a guerra na Ucrânia, Sachs foi ainda mais direto: “A Ucrânia está perdendo a guerra. O número de mortos é imenso, e ainda assim o governo Zelensky, com o apoio dos EUA e do Reino Unido, continua a insistir em uma escalada. Essa guerra só vai piorar se continuarmos nesse caminho.”
"Poderíamos ter paz amanhã"
Em sua visão, a única solução para esses conflitos é uma mudança radical na postura dos EUA e de seus aliados. "Se os EUA quisessem, poderíamos ter paz amanhã, tanto no Oriente Médio quanto na Ucrânia. Mas isso exigiria abandonar a ideia de hegemonia e aceitar um mundo multipolar, onde o diálogo e o respeito à soberania dos outros países sejam a base das relações internacionais."
Jeffrey Sachs concluiu a entrevista pedindo prudência: “Estamos em uma situação extremamente perigosa. Precisamos de líderes que lutem pela paz, e não pela guerra. Continuar nesse caminho de provocações e escaladas só nos levará a uma catástrofe global.” Assista:
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