Destruição em Kursk (Foto: REUTERS)
"Como previsto, a incursão ucraniana contra a região de Kursk fracassou totalmente", explica Marcelo Zero
Marcelo Zero
Como previsto, a incursão ucraniana contra a região de Kursk fracassou totalmente.
A incursão tinha dois objetivos principais:
1.Criar outra frente de batalha, já em território russo, que retirasse pressão das tropas ucranianas no leste daquele país, onde os combates são acentuados.
2. Estabelecer uma “cabeça de ponte”, uma área russa conquistada, que servisse de moeda de troca, em caso de um cessar-fogo com negociações que envolvessem controles territoriais.
Os dois objetivos não tiveram êxito.
Para defender seu território, os russos não deslocaram um homem sequer das frentes de batalha ucranianas. Mobilizaram rapidamente as amplas reservas disponíveis, algo que a Ucrânia, exaurida, não tem.
Ao contrário do pretendido, o avanço russo na frente ucraniana prosseguiu e, hoje, há uma séria ameaça de colapso das linhas dos ucranianos cerca de Provosk, entroncamento estratégico que pode levar ao corte de suprimentos das forças ucranianas.
Estão sendo criados bolsões cercados de militares ucranianos, que tendem a ficar isolados, em situação crítica.
Assim, o avanço lento, mas firme das forças russas no Donbas e em outras regiões da Ucrânia prossegue como previsto.
Ademais, após uma conquista súbita de algum território russo, as forças ucranianas envolvidas na “aventura” de Kursk estão em fragorosa retirada.
Cercadas e submetidas a um constante bombardeio, as forças ucranianas já perderam a maior parte dos tanques e veículos motorizados utilizados. Apenas no último dia 10 de setembro, dez cidades da região foram liberadas numa operação de paraquedistas russos. No dia 11, mais 3 cidades foram liberadas.
Observe-se que que a Ucrânia usou seus melhores equipamentos e homens nessa empreitada diversionista. Fracassou, mesmo assim. O tiro saiu pela culatra.
Foram e estão sendo usados também muitos instrutores ocidentais, numa demonstração clara do envolvimento direto crescente da Otan no conflito.
O mais preocupante, no entanto, tange à liberação para a que Ucrânia use mísseis de longo alcance providos pelos EUA e a Otan contra o território russo, o que implicaria retaliações de monta de Moscou, num cenário já muito tenso.
Entretanto, segundo o The Wall Street Journal, alguns diplomatas europeus dizem que a Ucrânia precisa ser mais realista em seus objetivos de guerra. Isso poderia facilitar que autoridades ocidentais possam defender, frente aos seus cansados e insatisfeitos eleitores, a interminável e inútil ajuda a esse país.
Altos funcionários europeus dizem que Kiev foi informada de que uma vitória ucraniana completa exigiria que o Ocidente fornecesse centenas de bilhões de dólares adicionais de apoio, algo que nem Washington nem a Europa podem realisticamente fazer.
Zelenski teria de apresentar um “Plano B”, mais realista do que sua posição intransigente atual nas negociações. Para qualquer cessar-fogo ou paz factível, a Ucrânia teria de desistir de terras (de boa parte delas, a bem da verdade) e também de cumprir condições adicionais, como assegurar a neutralidade de seu território, por exemplo.
Especula-se, entre os europeus, que, se Zelenski não conseguir chegar a tal solução, outra pessoa poderia ser encontrada para assumir seu papel.
Ou seja, se ele não tiver um Plano B, ele poderia ser substituído por um “Plano B” interno.
Tudo dependerá dos embates que se darão no Departamento de Estado e na Otan.
De qualquer forma, há uma avaliação crescente de que a “liderança” de Zelenski está se exaurindo, tal como as forças militares ucranianas.
Um grande e anunciado fracasso.
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