sábado, 19 de outubro de 2024

“A doutrina Monroe nunca morreu”: o jornalista Beto Almeida analisa os impactos dos EUA sobre golpes na América Latina

(Foto: Divulgação)

Análise destaca as influências dos Estados Unidos sobre a América Latina e a perpetuação de golpes ao longo da história, da Venezuela ao Brasil


Nesta segunda-feira (14), em mais um episódio do programa Globalistas, Beto Almeida, conselheiro e fundador da Telesur e membro da Associação Brasileira de Imprensa, discutiu o impacto histórico e contínuo dos Estados Unidos nos golpes de estado na América Latina. A conversa, conduzida por Brian Mier, trouxe à tona uma análise abrangente sobre a interferência norte-americana na política latino-americana, com foco nas recentes tensões na Venezuela, Brasil, Colômbia e Honduras.

"Os Estados Unidos nunca abriram mão da Doutrina Monroe, que para eles é sagrada e está permanentemente renovada", destacou Beto Almeida, ao ser questionado sobre o histórico de golpes fomentados pelo governo norte-americano. Ele ressaltou que a média de golpes apoiados pelos EUA ao longo do século XX foi de um a cada 2,8 anos, segundo pesquisa da Universidade de Harvard, publicada na Revista de Estudos Latinoamericanos.

A sombra dos golpes e a nova Lava Jato

Um dos principais pontos discutidos foi a crescente preocupação com a reativação de investigações nos moldes da Lava Jato, desta vez envolvendo transações militares no Brasil, como a compra dos caças suecos Gripen. "O que está em jogo é impedir a concorrência de empresas brasileiras no cenário global, assim como aconteceu com a Odebrecht no Oriente Médio", afirmou Almeida. Segundo ele, o uso do combate à corrupção como ferramenta política visa, na verdade, fragilizar a expansão econômica do Brasil e outros países da região, "intolerável para os Estados Unidos".

Interferências na Venezuela e na Colômbia

No debate, o foco recaiu sobre a atual situação da Venezuela, onde se discute a existência de uma tentativa de golpe contra o governo de Nicolás Maduro. Para Almeida, essa movimentação segue uma linha histórica de intervenções norte-americanas. "É inadmissível para os EUA que a Venezuela e outros países da América Latina tenham um desenvolvimento independente e baseado em sua própria soberania", argumentou.

A Colômbia também foi citada, com o presidente Gustavo Petro denunciando recentemente uma tentativa de golpe de estado, após iniciar reformas progressistas e condenar abertamente a violência israelense contra os palestinos. "Assim que Petro tomou uma postura firme, começaram as desestabilizações. Isso mostra que qualquer medida que desafie os interesses norte-americanos na região será atacada", analisou Almeida.

Soberania ameaçada e a relação com a China

Outro ponto levantado durante a discussão foi o impacto das relações da América Latina com a China, especialmente na Nicarágua, onde há projetos ambiciosos, como a construção de um novo canal que poderia rivalizar com o Canal do Panamá. "A Nicarágua está construindo uma relação mais forte com a China, o que gera grande desconforto para os EUA. Isso se reflete nas tentativas de desestabilizar o governo de Daniel Ortega", disse o conselheiro.

A retomada das discussões sobre a doutrina Monroe mostra que, para os Estados Unidos, a América Latina ainda é vista como território de influência, onde qualquer esforço de independência, integração regional ou cooperação com outras potências é recebido com sanções, investigações e até golpes.

Ao encerrar a análise, Brian Mier mencionou a questão das sanções impostas aos ex-líderes equatorianos Rafael Correa e Jorge Glas, que também estão na mira das autoridades norte-americanas. "Isso revela como os EUA utilizam a justiça como arma política para neutralizar figuras que desafiem seus interesses", concluiu.

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