A fala de Janja e o que realmente interessa

Elon Musk discursa em apoio a Trump, 05/10/2024 (Foto: REUTERS/Carlos Barria)

"A ameaça explícita de Musk deveria ser o ponto central e o destaque dos debates"

Robson Sávio Reis Souza
brasil247.com/

A mídia empresarial brasileira, sucursal das agências de notícias estadunidenses, tem usado de todas as estratégias para enfraquecer e chantagear o governo Lula.

Até presidente de Banco Central dando receita de empregabilidade contra a jornada 6X1, para agradar os donos do capital, foi manchete nesta semana.

É claro que vão surfar no "deslize diplomático" da primeira-dama Janja que mandou Musk para onde todos nós, democratas, desejamos.

Aliás, diplomacia no Ocidente significa subjugação aos interesses estadunidenses e nada mais. A diplomacia acha incorreto a Janja xingar Musk. E também quer que Lula seja omisso no genocídio contra palestinos, apoie a OTAN contra Rússia, derrube o governo da Venezuela, isole Cuba, saia dos Brics, etc, etc. Ou seja, que o Brasil seja o quintal do tio Sam.

Por isso, o fala de Janja pode ser analisada num aspecto até agora omitido pela mídia. A provocação da primeira-dama foi excelente para confirmar aquilo que temos alertado diuturnamente. Há uma aliança articulada da extrema-direita global.

A resposta de Musk a Janja foi uma confissão clara que os Estados Unidos sob Trump tentarão golpes de Estado ou qualquer outra estratégia para a eleição de seus parceiros da extrema-direita nas Américas e noutras partes do mundo.

Certamente, a mídia empresarial brasileira não abordará essa perspectiva de análise da fala da primeira-dama. Afinal, os grupos midiáticos ocidentais têm se aliado a governos de extrema-direita de forma despudorada.

Mas, o fato relevante foi que Musk assinou um atestado de confissão dos intentos autoritários que vêm do Norte, sob Trump. Explicitou a sanha despótica do ultraliberalismo econômico associado à extrema-direita política e o fundamentalismo cristão: esse tripé diabólico que se empodera cada vez mais nas fissuras de democracias fragilizadas num mundo com múltiplas crises.

A ameaça explícita de Musk deveria ser o ponto central e o destaque dos debates. Mas, a mídia prefere criminalizar Janja com o objetivo de enfraquecer e encurralar ainda mais o presidente Lula.