Sharp, novo prefeito de Valparaíso: eleito por frente cidadã que incluiu Revolución Democrática, Izquierda Libertaria, Nueva Democracia, Movimiento de Pobladores Ukamau e Partido Humanista
Surpresa nas eleições municipais: além da abstenção altíssima, e da derrota da ambígua presidente Bachelet, uma frente de organizações autonomistas vence na terceira maior cidade — e pode disputar a presidência
Por João Telésforo // http://outraspalavras.net/
Domingo, 23 de outubro, foi dia de eleições municipais no Chile. A imprensa e os ativistas locais destacam três grandes fatos, nas análises preliminares dos resultados. Primeiro, os altíssimos índices de abstenção, reflexo da decantada crise de legitimidade do sistema político e dos partidos no país, reforçada por recentes escândalos envolvendo financiamento ilícito de campanhas. Segundo, a derrota da coalizão, supostamente de centro-esquerda, da presidente Michelle Bachelet, cujo governo tem se enredado cada vez mais em seus próprios limites e recuos com relação à agenda de reformas com que se elegeu. Em terceiro lugar, a vitória, para prefeito de Valparaíso, da “candidatura cidadã” do advogado Jorge Sharp, de 31 anos, construída de forma ampla e aberta por um novo campo de forças da política chilena, formado sobretudo a partir do potente movimento estudantil que atingiu seu auge em 2011, confrontando os pilares do modelo político e econômico neoliberal implantado no país. Também houve vitória de outras candidaturas externas ao “duopólio” formado pela direita tradicional e por um centro-esquerda convertido, em grande parte, ao programa e método neoliberal-oligárquico. A eleição de Sharp na terceira maior cidade do país (ainda que muito menor do que Santiago), foi certamente a mais significativa.