terça-feira, 20 de março de 2018

Rede Globo, o povo não é bobo

Estratégias de manipulação, sobretudo em períodos eleitorais, permitem que a Globo cubra o assassinato de Marielle, sem nenhum aprofundamento sobre a pauta defendida pela vereadora. Suas palavras, sua luta, não merecem destaque?

Por Joaquim Ernesto Palhares 


Estamos e estaremos, durante muito tempo, sob impacto do assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL, na última quarta-feira (14.03), no Rio de Janeiro. 

Mulher negra, moradora da Maré, socióloga, ativista dos movimentos feminista e negro, aos 38 anos, em plena ascensão política, Marielle tinha todas as qualidades para ser, em futuro próximo, excelente liderança nacional e de esquerda. 

O Brasil está assustado com o Brasil que emergiu do passado



O Brasil de hoje está assustado com o Brasil do passado, que emergiu do submundo dos crimes da elite econômica colonial e dos servidores dela, encrostados no aparelho do estado.

Para compreender o Brasil de hoje é preciso descer aos porões da história. Sem isso, não se entende a estupidez de quem obedeceu a ordem e apertou o gatilho no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes.

Procuradoria-Geral da República - Raquel Dogde, a protetora de Temer?


Seis meses à frente da PGR, procuradora ainda é um mistério, mas desperta a desconfiança de que alivia para Temer no inquérito dos portos

Ilustração: Daniele Doneda. Fotos Gil Ferreira/Ag. CNJ, reprodução DO QUADRO MONA LISA DE LEONARDO DA VINCI e Valter Campanato/ABr
     Alguém seria capaz de penetrar a expressão da senhora Dodge?

Fernando Segóvia, o delegado degolado do comando da Polícia Federal há menos de um mês, será adido policial na embaixada brasileira na Itália e só espera o aval daquele país para assumir. É uma recompensa de Michel Temer, que não se importou em passar por cima de normas diplomáticas e da PF. Merecido.

Em três meses no posto, Segóvia agiu feito advogado presidencial na investigação que atazana o mandatário devido a um decreto com mimos ao setor portuário. Em Brasília, há quem aposte ser difícil de Temer escapar de outra denúncia criminal. A aposta depende, porém, da caneta de outro personagem devedor do cargo ao peemedebista, a enigmática Raquel Dodge, única pessoa no País autorizada a acusar o presidente na Justiça. E aí começam as desconfianças. Uma história que também teria um prêmio no fim do arco-íris.

40% do Ensino médio à distância: golpe fatal

   Michel Temer e Mendonça Filho. Foto: Lula Marques/ AGPT


Finalmente aparecem, aos poucos, as verdadeiras razões que estão na base da pressão pela rápida reforma do ensino médio. O governo Temer estuda, no CNE – Conselho Nacional de Educação – liberar até 40% da carga didática do ensino médio (de qualquer disciplina) para o ensino à distância.
Leia aqui.
A medida deverá promover a segregação escolar de forma mais nítida, criando escolas on line de baixo custo (e de baixa qualidade) para os mais pobres e mantendo a escola regular cada vez mais para as classes mais bem posicionadas financeiramente (principalmente aquelas em que os filhos não precisem trabalhar para sobreviver). De quebra, irá deslocar, com o tempo, o financiamento da educação para a iniciativa privada retirando recursos da escola pública e sua expansão. É questão de tempo o aparecimento dos vouchers (algo como uma bolsa) para estudantes em escolas on line privadas.

‘Faço doutorado e vivo de doação’: atraso em bolsas faz cientistas passarem necessidade em MG

Leandro Machado
Da BBC Brasil em São Paulo


A pesquisadora Angélica Samer está deixando de ir à universidade para economizar | Foto: Arquivo pessoal

A pesquisadora Letícia precisa importar livros da França para terminar seu doutorado em psicologia, pois não existem traduções das obras para o português. Mas ela conta que nos últimos meses teve preocupações mais urgentes e básicas: como conseguir comida?

Já Angélica Samer, doutoranda em biologia, está evitando ir à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde estuda, para economizar R$ 16 da passagem de ônibus.

Avião joga veneno sobre famílias de sem terra acampadas no PA


Alegações: Avião joga veneno sobre famílias de sem terra acampadas no PA

O Acampamento Helenira Resende, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foi atacado por um avião que despejou agrotóxico nas famílias acampadas na tarde deste sábado (17), no sudeste do Pará.

Por Marcos Aurélio Ruy*

De acordo com informações da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, seção Pará (CTB-PA), muitas pessoas passaram mal com a pulverização.

Mulheres africanas na liderança, por Shona Bezanson e Peter Materu


no Project Syndicate

Mulheres africanas na liderança

por Shona Bezanson e Peter Materu
Tradução de Caiubi Miranda

TORONTO – África tem uma longa história de liderança feminina. Contudo, a liderança pode ser uma aspiração desafiante para as mulheres jovens do continente, devido às persistentes barreiras ao sucesso. Se os países africanos - e as mulheres da África - quiserem explorar o seu potencial, isso tem de mudar.

As mulheres foram líderes na linha de frente da luta pela descolonização de África. A rainha Anna Nzinga, a monarca dos reinos Ndongo e Matamba, onde hoje é Angola, passou décadas lutando para proteger o seu povo dos portugueses e do seu comércio de escravos em expansão. Em 1900, Yaa Asantewaa, a rainha mãe do Império Ashanti (parte do atual Gana), liderou uma rebelião contra o colonialismo britânico. Quase três décadas mais tarde, as mulheres no sudeste da Nigéria organizaram uma revolta, conhecida como a Revolta das Mulheres de Aba, contra as políticas coloniais britânicas.

A pedagogia econômica da intervenção no Rio

Fernando Frazão/Agência Brasil


A sociedade brasileira, observando o que acontece no Rio de Janeiro, está recebendo uma lição pedagógica a respeito do que significa a emenda constitucional imposta ao país por Henrique Meirelles no sentido do congelamento do orçamento primário (emenda 95). Obviamente que a esmagadora maioria da população não teve a menor ideia do que era isso no momento em que essa emenda foi votada, e até hoje sabe muito pouco a respeito. Por isso vale a pena a gente rememorar os fatos.

O objetivo da emenda é congelar os gastos públicos por nada menos que vinte anos. O Estado seria reduzido a uma espécie de gerente de empresa privado de qualquer possibilidade de investimentos. Confesso a vocês que nunca levei a sério essa lei porque ela é tão estúpida que, no caminho dos 20 anos, haverá várias oportunidades de ser removida. Nenhum país que tenha uma mínima expectativa de crescimento demográfico tem como desconhecer o fato de que saúde e educação e previdência, por exemplo, devem acompanhar o crescimento da população.