terça-feira, 27 de março de 2018

Na Arena do Grêmio, racismo é legítimo e manifestação política é proibida. Por Pedro Guindani

      Torcida do Grêmio homenageia Marielle, mas chama torcedores do Inter de “macacos”


Publicado no Facebook de Pedro Guindani

A torcida do Grêmio canta, há cerca de 25 anos, uma música em que se refere aos torcedores do Internacional como “macacada filha da puta”, numa alusão explicitamente racista à presença outrora predominante de negros nas arquibancadas do rival. A música foi criada pela extinta Torcida Jovem, nos anos 90, numa adaptação inusitada de “Another Brick in the Wall”, e foi incorporada pela Geral do Grêmio, hoje a maior organizada do clube, que a entoa a plenos pulmões mais de uma vez a cada partida – no que é acompanhada pela maioria da massa presente à Arena: homens, mulheres, crianças.

Estudo coloca em xeque política de transparência da Coca-Cola

Em 2015 a corporação lançou uma iniciativa na qual prometia transparência

por João Peres 

Cruzamento de dados revela que empresa ocultou a maior parte das pesquisas científicas financiadas, contrariando discurso oficial

Um estudo que acaba de ser divulgado coloca em xeque a política de transparência da Coca-Cola em relação ao financiamento de estudos científicos. Artigo publicado na última semana pela revista Public Health Nutrition mostra que a maior parte dos pesquisadores com trabalhos financiados pela empresa ficou de fora das listas divulgadas desde setembro de 2015.

Para entender o julgamento do HC de Lula

Luis Nassif

 
O ponto central do julgamento do habeas corpus de Lula é a Ministra Rosa Weber. Inicialmente, ela votou pela admissibilidade do pedido de habeas corpus para Lula. Quando o Ministro Marco Aurélio pediu a suspensão do julgamento, ela votou pela não-prisão de Lula até a finalização da votação do HC.

Foi a primeira a votar. E votou pela suspensão da prisão, na suposição de que haveria a continuidade do julgamento. Ou seja, seu voto foi pelo adiamento do julgamento. A suspensão temporária da prisão foi apenas decorrência lógica.

segunda-feira, 26 de março de 2018

Fascistas e Globo aumentam pressão sobre o Supremo



As atenções do país se voltam agora, depois da decisão do Supremo Tribunal Federal que aprovou a admissibilidade do habeas corpus preventivo impetrado por Lula, para a reunião do dia 4 de abril próximo, quando a Suprema Corte julgará o mérito do HC. Os mais otimistas acreditam que se repetirá o placar de 7 x 4 registrado dia 22, garantindo ao ex-presidente liberdade para fazer sua campanha à Presidência da República, mas nada assegura semelhante resultado, considerando as novas circunstâncias. O ministro Gilmar Mendes, por exemplo, que votou a favor do HC, não participará do julgamento, pois estará naquela data em Portugal, e o ministro Alexandre de Moraes, que foi o primeiro a divergir do relator Edson Fachin, provavelmente mudará o seu voto. Indicio dessa nova posição é que, embora tenha votado pela admissibilidade do HC, quando a ministra Carmen Lucia decidiu suspender o julgamento ele votou contra a concessão da liminar que impede Lula de ser preso após a negativa, pelo TRF-4, dos recursos da sua defesa. Se essa previsão se confirmar, sem a presença de Gilmar e se os demais ministros mantiverem o seu primeiro voto, haverá um empate de 5 x 5. E aí? Caberá à Presidenta o voto de Minerva? Neste caso, Lula perde, porque já se conhece a posição de Carmen.

Mudança tecnológica e empobrecimento

http://resistir.info/ // por Prabhat Patnaik [*]
Máquina Jacquard com cartões perfurados.
O facto de os efeitos sócio-económicos da mudança tecnológica dependerem das relações de propriedade em que se verifica a mudança é óbvio, mas muitas vezes é ignorado. 

Considere-se um exemplo simples. Suponha-se que numa certa área 100 trabalhadores fossem contratados para efectuar a colheita a custo total de 5000 rúpias, mas o capitalista dono da terra decide ao invés utilizar uma ceifeira debulhadora. Assim, o rendimento dos trabalhadores cai em Rs 5000. O custo salarial do capitalista dono da terra cai em Rs 5000, os quais são acrescidos aos seus lucros. Mas suponha que a ceifeira debulhadora fosse possuída por um colectivo de trabalhadores. Então eles podem ganhar as mesmas Rs 5000, agora não mais como trabalhadores como os possuidores colectivos da ceifeira debulhadora; de modo que o que eles perderiam como rendimento salarial obteriam de volta como rendimento do lucro pela utilização da ceifeira. O seu rendimento permaneceria inalterado ao passo que o seu tempo de lazer teria crescido e a labuta do trabalho para eles teria diminuído.

Críticas ao ensino de economia: notas sobre o debate internacional


Lauro Mattei
http://brasildebate.com.br/

Há um debate no mundo todo sobre os cursos de ciências econômicas que remete a um ponto principal: para que serve a economia? Ela deve estar a serviço do conjunto da sociedade e não de uma pequena parcela que a utiliza para obter vantagens econômicas

Todos sabemos que a economia é uma ciência social complexa e inexata. Portanto, procurar reduzi-la e/ou transformá-la a meros resultados matemáticos significa o abandono completo daquilo que é (ou deveria ser) o mais atrativo e relevante no ensino econômico: compreender criticamente essa complexidade à luz das diversas teorias econômicas e, ao mesmo tempo, rejeitar o mito de que há apenas uma única maneira de se ensinar e aprender essa ciência social.

Privataria em grande estilo: o caso do satélite

por Margarida Salomão* 

Governo Temer pretende entregar à iniciativa privada equipamento que processa dados sensíveis como comunicações militares do Brasil

 Valter Campanato/Agência Brasil
 Jungmann, Temer e Kassab no lançamento do satélite: entreguismo à vista

O Brasil está em liquidação, e quem paga o preço é a população. Vide o que ocorre hoje no Rio de Janeiro, dado o sinistro giro imposto pela atual direção da Petrobras, que deixou de ser uma empresa referência em investimento e inovação para contentar-se em ser figurante no mercado de petróleo. Como resultado, desemprego e pobreza.

A política de privatização do patrimônio nacional, iniciada com o fim do regime de partilha, agora repete-se Brasil afora, seguida pela iminente privatização da Eletrobras. Não se trata apenas da perda de diversas usinas (fruto do investimento de longo prazo de governos anteriores), da perda da gestão do potencial elétrico do país (que acabará em mãos estrangeiras). A perversidade do entreguismo de Temer chega ao ponto de a proposta de venda incluir apenas os ativos da empresa – os passivos, as dívidas, permanecem com o Estado.

Jurista e jornalista produzem fake news sobre presunção de inocência!


Por Lenio Luiz Streck
https://www.conjur.com.br/

Para adoçar o gosto de quem costuma ler apenas o título ou o início de textos, aviso: o texto é sobre um advogado (José Paulo Cavalcanti Filho) e um jornalista (Merval Pereira), que publicaram fake news. Para usar a palavra da moda: horrível.
Ao trabalho. Sem bílis e sem mau sentimento. Escrevi, na semana passada, coluna contestando uma “pesquisa Colgate”, pela qual, dos 194 países do mundo, 193 não têm presunção da inocência como o Brasil. A “tese” foi espalhada pelo jornalista Merval Pereira, que a copiou do professor e advogado José Paulo Cavalcanti Filho[1] (ler aqui).