O Congresso Nacional, que tanto a tem ofendido, comemorou os 29 anos de atormentada vigência da Constituição de 1988, a da redemocratização, texto inaugural da Nova República, ciclo histórico-político cujo melancólico esgotamento estamos assistindo. Cercada por réus, presentes e futuros, a começar pelos dirigentes das duas casas legislativas, a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, saudou a efeméride, lembrando a frase bordão com a qual o presidente da Constituinte, o saudoso deputado Ulisses Guimarães, anunciou o novo texto, ditando os limites de seu império.
Da Constituição, dizia ele, e repetiria a ministra, pode-se “Discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca”. Na solenidade bizarra, a constitucionalista ministra falava em nome de um Poder Judiciário que sistematicamente descumpre a Constituição, e dirigia-se a um Congresso useiro e vezeiro em afrontá-la.