terça-feira, 17 de outubro de 2017

LULA E OS INTERESSES NACIONAIS

Lula durante depoimento ao juiz Sergio Moro em Curitiba


Nonato Menezes - A História da vida política brasileira tem em seu legado uma grande treta: quem defende o Brasil, nosso povo, é banido da vida pública. Ou tende a ser eliminado, simplesmente. 

Dois exemplos, historicamente recentes, mostram isso com uma clareza chocante. O outro exemplo nos tem como testemunhas da trama. Tramas que se parecem nas astúcias, na leviandade apavorante das nossas elites, quando se trata de alguém defender o que é nosso e delas, inclusive. 

Getúlio Vargas despertou a ira das nossas elites, não por ter sido ditador, nem por ter tido que carregar a insígnia de populista, mas por defender os interesses nacionais. 
Foi em seu governo que nasceu a ideia “O petróleo é nosso” e com ela ou, por causa dela, brotou a Petrobrás. A primeira metalúrgica brasileira nasceu na sofreguidão do segundo conflito mundial. Leis trabalhistas e outras instituições que surgiram, tiveram como fundamento os interesses nacionais. 

Por esses motivos, para nossas elites levianas, Getúlio passou a nadar num “mar de lama” de corrupção. Tantas foram acusações falsas e inventadas que o resultado foi aquele tiro fatal no peito, em agosto de 1954. 

Com João Goulart os ecos da torpeza contra Getúlio se elevaram em muitos decibéis, devido os interesses das corporações internacionais e o empenho gigantesco da Nação do Norte. 

Goulart foi acusado de ser comunista, o que colocaria ‘em risco’ os valores tradicionais da família brasileira, a mesma linhagem que ainda vestia roupa manchada do sangue do regime escravocrata. 

Mas acusarem Goulart de ser comunista foi apenas o mote, a mensagem clara ou subliminar para iludir o povo, assim como a corrupção foi usada contra Getúlio. 

O que estava em jogo mesmo eram os interesses nacionais, defendidos por Goulart através das necessárias mudanças estruturais, entre elas a Reforma Agrária, fundamental para distribuir a riqueza e, a partir dela, desenvolver o País. 

Mais uma vez os interesses nacionais foram suplantados e o resultado foi o golpe civil-militar que durou vinte e um anos; regado a banimentos, tortura e sangue. O Regime foi coroado com mais de quatrocentos óbitos e desaparecidos. 

Anos depois, João Goulart, vivendo fora do País, teve um ataque cardíaco e morreu. Morte, aliás, suspeitíssima, de a causa ter sido envenenamento. Nada inusitado, portanto, quando se trata das civilizadas elites brasileiras. 

Lula, como se diz, é a bola da vez. “É o Cara” que possivelmente tenha sido batizado com água benta roubada. Para as elites brasileiras Lula é tio, avô, mãe e pai da corrupção. E mais uma vez repetem o mote, com a mesma ferocidade e requinte pela vileza. 

Mas, ao contrário de nossas elites, Lula não entrará para História como corrupto. Não será colocado na mesma lata que um Sarney e FHC já estão, por exemplo.

Pela defesa e trabalho que tem dispensado aos interesses nacionais, Lula ocupará a sala de estar da nossa História, assim como Getúlio, João Goulart, Barão do Rio Branco, entre outros. 

Vivêssemos no mesmo tempo que Tiradentes, Lula já teria sido encarcerado, morto e esquartejado, porque é isso que nossas elites sabem fazer com aqueles que, publicamente, defendem os interesses nacionais.

Ainda que o cerco tenha sido cruel, Lula resiste. E resiste porque tem a maior parte do povo ao seu lado, o mesmo povo que agora está percebendo o que é governar em defesa dos nossos interesses, a despeito do que quer e sempre fez nossas assassinas e predadoras elites.

Mas uma certeza a História nos revela: quem governa em defesa dos nossos interesses corre sério risco de ser banido ou, simplesmente, eliminado. O que parece, também, que o povo já percebeu a treta. E quem sabe a reação já não esteja próxima.

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