segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O MUNDO SÓ NÃO ESTÁ PIOR PORQUE EXISTIU FIDEL


Omar dos Santos

A vida me deu a oportunidade de conhecer, pessoalmente, alguns homens que fizeram a diferença em sua passagem por aqui. Pude estar frente a frente com Getúlio Vargas, Luiz Carlos Prestes, Chico Xavier, Paulo Freire, João Paulo II, e agora, pude ver o Chiquinho, que me perdoe o Papa Francisco pela intimidade indevida, mas é assim que o reconheço.

Contudo, neste final de semana fui surpreendido, não com a morte de Fidel Castro, pois o peso da luta cobra seu preço também dos heróis verdadeiros, mas com o pensamento de que não mais poderei olhar o homem que encarnou uma descomunal coragem.

Não pretendo fazer aqui uma apologia do libertador do povo cubano, contento-me apenas em afirmar que se “Os homens fazem a História, mas a fazem em circunstâncias que eles não determinam”, como quer Karl Marx. Fidel Castro foi, sem sombra de dúvida, uma dessas raras pessoas que em sua passagem pela Terra, cumpriram a missão de guiarem a humanidade em sua caminhada para a liberdade, arrebatando-a dos jugos da opressão e do servilismo que se lhe impõem o imperialismo e a tirania que persistem na História do mundo.

Pois bem, acompanhando as repercussões do acontecimento pela imprensa brasileira, assisti a uma manifestação de uma multidão, “26 pessoas”, para ser mais preciso, as quais, portando uma bandeira de Cuba, comemorava a morte de Fidel. Na realidade o grupo é parte numericamente significativa dos “contras”. Esse movimento, patrocinado pelo governo “democrático” dos Estados Unidos da América, país que nunca se conformou com as derrotas que o povo cubano lhe infligiu nas três tentativas de invasão e derrubada do regime socialista e libertador, continua tentando desestabilizá-lo da forma mais espúria e canalha possível. Assim, os “porcos”, como afirmou o próprio Castro, empregando a velha tática da propaganda enganosa, atraem alguns cubanos pulhas com falsas promessas em troca da vil traição, para criar animosidade da opinião pública mundial contra a revolução cubana.

É dessa gente sem amor próprio e vergonha na cara que quero falar. O que a revolução feita pelo povo cubano fez foi nada menos que a façanha de reconstruir sua nação. Foi a colossal tarefa de recuperar a dignidade e a soberania que lhe fora usurpada pelo inimigo de todos os povos e de todas as nações. 

Antes da revolução, a condição do povo da ilha era simplesmente de vassalagem. Às mulheres cubanas cabiam somente três destinos: ou eram usadas como serviçais domésticas, ou eram concubinas dos homens donos da casa ou como eram prostitutas de rua e bordeis de Cuba. Aos homens cubanos cabiam somente as funções de peões das fazendas e lavouras de cana do explorador americano, a de jardineiro e cuidador das mansões da casa grande do senhor ou o trabalho informal e mal remunerado.

Pela manifestação havida no sábado, parece que os “contras” esqueceram-se rapidamente dessa realidade. Esqueceram-se ou sentiram saudades da vida de escravidão e de humilhação a que a elite gringa submeteu, durante anos, o povo da ilha. Afinal, muita gente gosta mesmo é de bridão e tapa. Pra estes, a dignidade e a liberdade não têm valor algum.

E mais, o mundo inteiro sabe que o povo americano, não todos, mas a imensa maioria, acredita que a função do resto dos homens do mundo é a de lhe servi. Este povo entende que tudo no universo lhe pertence por isto é partidário da cultura do uso enquanto quiser e precisar, depois joga fora. 

Não cabe dúvida alguma de que os “contras”, entre escolherem a possibilidade de lutar para a construção de seu país e de uma sociedade mais justa, autônoma e solidária, optaram por se deixar seduzir por viver como ilegais em um país onde todos lhes lembram, o tempo todo, que são forasteiros indesejáveis e inconvenientes. Optaram por viver nos Estados Unidos da América, aquela vida que descrevemos antes. Aos homens cabem as tarefas de fazer os serviços mais temerários, insalubres e repugnantes. Para as mulheres, a serventia não mudou muito do que era antes, cabendo a elas cuidar da casa dos americanos, varrer a rua e trabalhar como prostitutas. 

Como ilegais que são, cabe aos “contras” a informalidade do subemprego, que resulta na falta de qualquer garantia. Não recebem assistência do Estado como atendimento médico, escolar e previdenciário por exemplo. Não podem se quer requerer qualquer documento. Não podem se registrar o filho que nasce. Um “contra”, de forma alguma, não pode ser abordado pela polícia. Em o sendo, o destino é a prisão e a humilhante e violenta deportação.

Contraditoriamente, com sua atitude, os “contras” dão argumentos aos ianques para a defesa da política de isolamento que impõem ao Estado cubano, sua pátria. Política que motiva, de forma mais determinante e decisiva as dificuldades econômicas pelas quais passa o povo cubano. 

Concluindo, aqui fica uma reflexão. Há um ditado popular nos grotões do Brasil que diz: “’E é mil vezes melhor morrer de pé do que viver de joelhos”. Mas os “contras”, como muitos latinos, entre esses muitos brasileiros, por pura falta de brio e amor próprio, preferem o látego do “Tio San”, a lutar para melhorar sua pátria.

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