*Noam Chomsky
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Colaborou Claudio Migueles Miguez
Colaborou Claudio Migueles Miguez
1. A estratégia da
distração.
O elemento
primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em
desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas
pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação
de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da
distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse
pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia,
da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída,
longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância
real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar;
de volta à granja com outros animais (citação do texto "Armas silenciosas
para guerras tranquilas").
2. Criar problemas e depois oferecer soluções.
Esse método também
é denominado "problema-ração-solução". Cria-se um problema, uma
"situação" prevista para causar certa reação no público a fim de que
este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar
que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados
sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e
políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para
forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o
desmantelamento dos serviços púbicos.
3. A estratégia da gradualidade.
Para fazer com que
uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a
conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas
radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e
1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em
massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam
provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
4. A estratégia de diferir.
Outra maneira de
forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como
"dolorosa e desnecessária", obtendo a aceitação pública, no momento,
para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício
imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo,
porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que
"tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser
evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à ideia de mudança e
de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.
5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de
idade.
A maior parte da
publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos,
personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à
debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou
portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais
tendem a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Se alguém se dirige a uma
pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade,
então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ração também desprovida de um
sentido crítico (ver "Armas silenciosas para guerras
tranquilas")".
6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a
reflexão.
Fazer uso do
aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na
análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro
lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao
inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores,
compulsões ou induzir comportamentos...
7. Manter o público na ignorância e na mediocridade.
Fazer com que o
público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para
seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes
sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma
que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e
as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver
"Armas silenciosas para guerras tranquilas").
8. Estimular o público a ser complacente com a
mediocridade.
Levar o público a
crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.
9. Reforçar a autoculpabilidade.
Fazer as pessoas
acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca
inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de
rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se auto desvalida e se
culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua
ação. E sem ação, não há revolução!
10. Conhecer os
indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem.
No transcurso dos últimos
50 anos, os avanços acelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os
conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes.
Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o
"sistema" tem disfrutado de um conhecimento e avançado do ser humano,
tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer
melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria
dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os
indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.
* Linguista, filósofo e ativista político estadunidense. Professor de Linguística no Instituto de Tecnologia de Massachusett
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