por Wladimir
Crippa, via e-mail
Um espectro ronda a
internet: o espectro do vigilantismo. Hollywood e governos; a indústria de
games e a da música; FBI e CIA; empresas de telecomunicações e meios
tradicionais de mídia; todos se unem para pensar e implementar formas de
vigiar, controlar, moldar a internet, esta grande rede de pessoas. Controlar eu
e você.
São as forças da
reação, no sentido literal da palavra, que buscam reagir e tentar impedir estas
transformações trazidas pela revolução digital. Esta revolução silenciosa que
está mudando as formas de trabalhar, de produzir, de se comunicar e relacionar
socialmente. Este processo que possibilitou que nos tornássemos muito mais do
que apenas consumidores de informações: tornou-nos também produtores.
A revolução digital
está realizando um empoderamento como nunca visto na história da humanidade.
Não apenas nos comunicamos, mas também podemos criar, recriar, transformar,
inventar, inverter! O bombardeio de informações a que estamos todos submetidos
tem levado muitos a questionar também coisas que não eram questionadas. Pessoas
que eram completamente alheias ao que ocorre no mundo e no Brasil, na sua
cidade, e que agora questionam e se perguntam se as coisas não poderiam ser de
outra forma.
Estas forças da
reação, percebendo que isto está acontecendo sem que elas possam ter o
controle, apresentam-se como defensoras da propriedade intelectual, do direito
autoral, da guerra contra a pirataria, da luta contra o terrorismo etc e,
usando este discurso, apresentam suas soluções: vigilância, controle do que os
usuários acessam, restrições a conteúdos.
Ocorre que esta
revolução digital, que gerou o livre compartilhamento de arquivos em escala de
massas, a impressão em 3D, o software livre, o hacktivismo, o bitcoin, criou
também as condições para a criação dos partidos piratas, que surgem
questionando a propriedade intelectual e os direitos autorais, mas também
questionando o sistema baseado na democracia representativa, a falta de
transparência nos governos (quando a tecnologia pra tornar a atividade administrativa
totalmente transparente está aí), propondo o debate da democracia direta, da
democracia líquida e, o mais importante: um posicionamento firme em defesa dos
direitos civis e das liberdades individuais.
Para os piratas, está
bem claro o que está em jogo: a defesa da propriedade intelectual e do direito
autoral só é possível com a violação da privacidade individual, com o
estabelecimento de um sistema gigante e complexo de vigilância da atividade dos
usuários na internet. Não há outra forma!
Nos seus 7 anos de
existência, o movimento de partidos piratas chegou a cerca de 80 países, e,
onde já se legalizou, vem sendo bem sucedido eleitoralmente. Na Alemanha já são
43 deputados; no Parlamento Europeu, um deputado e uma deputada, eleitos pelo
Partido Pirata da Suécia, o primeiro a ser fundado no mundo; na República
Tcheca, um senador; na Suíça, um prefeito; cerca de uma centena de vereadores
espalhados pela Europa; nas eleições para o parlamento da Islândia, daqui a
duas semanas, os piratas aparecem com 8% de intenção de votos. Aqui, as velas
também foram içadas e o Partido Pirata do Brasil está em processo de
legalização, após ter feito sua primeira convenção nacional ano passado. Todos
e todas estão convidados a subir à bordo desta experiência colaborativa na
política.
Wladimir Crippa, tesoureiro geral do Partido Pirata do Brasil –
PIRATAS
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