Wanderley
Guilherme dos Santos
Carta
Maior
Muito
bem vindos os convites parlamentares a executivos de órgãos públicos para
conversas sobre o andamento do governo. Deviam ser repetidos a cada dois anos.
Os governos teriam excelente oportunidade de prestar contas ao Legislativo e
aos eleitores. Governos deficientes temem esses momentos por ficaram expostos
ao júri da população por intermédio de seus representantes no parlamento.
Estes, por sua vez, anseiam pela entrada em cena e mostrar serviço a suas bases
eleitorais.
Ao final
de seu governo, Fernando Henrique Cardoso conhecia as pesquisas em que 34% dos
entrevistados o consideravam pior do que o de Itamar Franco. Na verdade,
julgavam-no pior do que seu próprio primeiro mandato. Provavelmente, esta é uma
especulação, o temor existia porque não havia clima comemorativo nem do Plano
Real, visto que a inflação voltara às alturas, o desemprego neoliberal
explodia, a economia do país patinava e as reservas cambiais andavam aí pelos
37 bilhões de dólares. Hoje é possível, em seminários comemorativos, antigos
operadores do governo FHC darem outra versão a auditórios adrede selecionados.
À época não se atreveriam a passar pela porta dos fundos da Câmara dos
Deputados.
Em
geral, os patrocinadores desses convites são parlamentares com inclinações para
a implicância crônica. Mas a motivação não é tão relevante quanto a
oportunidade que oferece aos governos de revelarem os êxitos que imaginam ter e
os revelarem à opinião pública. No momento, estimo tratar-se de feliz
programação para que o governo exiba os seus números e os explique. Ótimo que a
Petrobras tenha sido convidada a falar sobre contratos na Holanda. Deve
aproveitar e dar satisfações sobre o andamento do capítulo pré-sal comparando-o
às profecias pessimistas, expor os planos de investimentos e sua viabilidade,
os estímulos a setores industriais e à criação de emprego.
Pessoalmente,
gostaria de me atualizar quanto ao progresso da agricultura para exortação e
para consumo interno, quanto aos portos, malhas ferroviárias e rodoviárias em
execução para ajustar a infra-estrutura à sua crescente capacidade de produção
agrícola e industrial. Importa divulgar o currículo do atual governo nas áreas
de educação em todos os seus níveis, da saúde, especialmente do sistema
hospitalar público, prevenção de doenças. De especial relevância é o
esclarecimento quanto à eficácia desses números em termos de gente: quantos
eram educados, quantos são agora, a incidência crescente ou decrescente de
moléstias que assaltam sobre tudo as comunidades mais pobres. De tudo isso é indispensável
que se conheça também o que está em andamento e as projeções nas áreas
analisadas.
Como
eleitor, espero que o governo aproveite esses convites da Câmara de Deputados e
promova o seu comício da Central do Brasil. De dentro do Legislativo para todos
os brasileiros. O que mudou no Brasil e que é incontroverso, e o que é
necessário que se continue a fazer para mudar o Brasil, de país de miseráveis,
para país sem miseráveis, de país sem portos, ferrovias, aeroportos, rodovias,
para uma nação que seja uma floresta de fábricas gigantes em funcionamento
sustentável, sem medo de crescer, atento à agenda urgente das populações
finalmente incorporadas à vida da nação. Acima de tudo, o compromisso
inquebrantável de que o dinheiro é para servir ao país e não o país servir ao
dinheiro. Gente em primeiro lugar, depois o cifrão.
Nenhum
lugar mais apropriado do que uma das Casas do Congresso como sede e palanque
para um grande comício democrático, de prestação de contas, de esclarecimentos
de dúvidas e, também indispensável, a declaração de compromissos
inquebrantáveis com os rumos traçados tendo o povo brasileiro como norte,
dispensando a tecnocracia dos manuais financiados pelos rentistas das
dificuldades alheias.
Não
desejo um governo preconceituoso em relação aos empreendedores, aos que criam
empregos, aos que investem como decisão estratégica, mas saber distingui-los
dos aventureiros. Estive no comício da Central do Brasil em 13 de março de
1964. Espero revê-lo, sem susto e sem temor de golpismos, em promoção conjunta
do Legislativo e do Executivo brasileiros.
Créditos
da foto: Divulgação
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