Nonato Menezes - Andar por aí desfiando um palavreado rancoroso e
desinformado sobre o Brasil parece ter virado prática esportiva. Tanto aqui
quanto no exterior, muitos imbecis babam ao falar mal do nosso País e da nossa
gente.
Outro dia eu estava numa loja de ferramentas,
quando chegou um desses loroteiros, querendo trocar uma peça que, segundo ele,
estava com defeito. A primeira pergunta que fez ao vendedor foi se aquela peça
era de fabricação nacional. De pronto, o vendedor respondeu que sim e que aquela
era uma das melhores do mercado.
Pronto. Bastou isso.
O néscio passou a desfiar aqueles clichês que já
conhecemos: “- este país é uma piada. O que é produzido aqui, nada presta”. E
viajou na baboseira desajeitada.
O balconista tomou a peça e logo percebeu que a
utilização dela é que tinha sido inadequada, portanto não era defeito, mas mau
uso da peça. Foi tão didático na explicação que deixou o palerma em silêncio.
Do lado, um senhor de meia idade, aproveitou a deixa
e saiu com esta: “– não gosto dos Estados Unidos, mas há uma coisa naquele povo
que prezo muito; é a defesa intransigente que ele faz do seu País. Certo ou
errado, difícil algum estadunidense ser visto falando mal da sua gente, nem
mesmo das suas loucuras, como viver destruindo outros países”. E completou: “- aqui
no Brasil, volta e meia, temos que ouvir este discurso sem graça”. Talvez para
evitar bate-boca, virou as costas e saiu. Nem observei se já tinha feito o que
precisava fazer na loja.
De minha parte;
ganhei o dia!
No exterior, essa patetice ganhou força com a
contribuição do meu ídolo FHC, o presidente mais entreguista da nossa História.
Não entendi o propósito, mas no melhor estilo
néscio, numa visita a Portugal, o príncipe da privataria saiu com esta: “- Como
vivi fora do Brasil, na Europa, no Chile, na Argentina, me dei conta disso: os
brasileiros são caipiras. Desconhecem o outro lado e quando conhecem, se
encantam. O problema é esse”. E a criatura estava como presidente da República.
A partir daí, outros brasileiros de nascimento,
passaram a arrancar aplausos de plateias interesseiras, falando mal do nosso
País no exterior. Com discursos piegas e politicamente idiotas, pessoas
famosas, mas quase esquecidas do público, ressurgiram na nossa mídia - que ama
o Brasil -, como exportadores de fofocas. Já pensou como é chique falar mal do
Brasil em Nova York?
Um dos primeiros a seguir a estultice do príncipe
da privataria foi o florido cantor Ney Matogrosso. Renegando seu ‘sangue
latino’, escolheu como alvo de suas bravatas, o programa “Bolsa Família” que,
segundo ele, se resume a tirar pessoas “da extrema miséria para a pobreza
enorme”. Oh! Que sábia leitura das necessidades humanas!
Outra pérola dita pelo cantor “reboladeiro”, foi
esta: "No PT é muito mais visível a corrupção, agora não estou dizendo que
só o PT (é corrupto)".
“Mais visível” porque permite investigação,
estúpido!
"O Brasil se tornou pouco confiável". Esta foi uma das
expressões proferidas a banqueiros e empresários dos Estados Unidos por ninguém
menos que um dos homens públicos mais confiáveis do Brasil: o insolente
ex-candidato a presidente da República, em 2014.
Homem íntegro, por excelência, tem como embasamento de confiabilidade
seu comportamento de monge tibetano. Austero nos hábitos, a ponto de abominar
bebida alcóolica. Severo crítico ao uso e tráfico de drogas. Impoluto homem
público, cuja admiração popular o fez onipresente, justo quando foi eleito para
governar Minas Gerais, com moradia no Rio de Janeiro e fiel festeiro nas boates
cariocas.
Na onda esmaecida do falar mal do Brasil no exterior, quem surfou
também, foi o trepidante Ed Motta. Cheio de rancor por não ser popular,
viu em quem não o acompanha como cantor, uma capacidade enorme de ser
simplório. Sobre os brasileiros residentes no exterior que foram vê-lo,
esbravejou: "turma mais simplória"! E foi memorável com esta
expressão: "O mundo inteiro fala inglês, não é possível que o imigrante
brasileiro não saiba um básico de inglês. A divulgação da gravadora, dos promotores
é maciça no mundo Europeu, e não na comunidade brasileira."
Para quem acha que já viu tudo em matéria de
tolice, eis uma de enrugar a testa!
Ele mesmo, o Fábio Júnior. Aquele que por um bom
tempo, esforçou-se para denegrir a palavra e o sentido do termo, Pai!
Não conseguiu.
Foi nobre em fazer filhos e casar quase uma dezena
de vezes. Mesmo com o esforço da mídia – que ama o Brasil – não conseguiu
mostrar o que nunca teve: talento. Como “ajeitador” de interpretação, bastou o
tempo para mostrar o lugar dos cantores medíocres. Sumiu!
De repente, o “Pai!”, aparece em estilo néscio, enrolado
na bandeira verde e amarelo, em Nova York, cantando o que FHC lhe ensinou:
falar mal do Brasil no exterior.
Agora imagine, com todo tempo que teve e apoio
estrondoso da mídia – que ama o Brasil – não conseguiu ser cantor, não seria
agora, exportando fofocas e falando do que não entende que conquistaria
momentos de sucesso. Afinal, quem é medíocre, sempre repousará na mediocridade.
Na mesma toada, outras e outros assemelhados de
brasileiros, se fiam a propalarem asneiras contra o País os quais nasceram, onde
vivem e até enriqueceram, que convivem com gente que é sua gente, que respiram
a cultura que é a sua cultura, mas agora, sabe-se lá por que raio de
hipocrisia, resolveram renegar tudo isso. Talvez nem renegar, apenas navegar em
busca de escassos brios, antes mesmo que a morte os encontre em definitivo.
Esse comportamento estranho de criar seus demônios,
fora do seu próprio inferno, nada mais é do que uma faísca de desespero.
Demônio por demônio, pode ser encontrado aqui mesmo, nas nossas ruas, nos
nossos bairros, basta que o bom senso se indigne com a pobreza absoluta, com a
violência nas nossas grandes cidades, com o resistente analfabetismo que teima
em não sair do meio de nós.
Estes são os nossos demônios; reais e assustadores
que tanto precisam ser exorcizados. Mas os cretinos e os covardes preferem
criar demônios fictícios como forma de fuga das responsabilidades e dos
compromissos que deveriam ter com seu próprio País, com a nossa gente e com a
nossa cultura.
Talvez assim houvesse reconhecimento pelo desespero
na busca do sucesso perdido. E também, alguns aplausos verdadeiros por gestos
de nobreza: solidariedade, compromisso, envolvimento, simplicidade e justeza de
caráter.
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