Perderam a guerra e não podem recuar
Os meses que nos separam da
instalação (ou não) do processo de impeachment serão terríveis... para a
oposição.
Como assinalei noutro artigo, a
oposição saiu, por ignorância e temeridade, para um confronto aberto numa arena
semeada de trincheiras da Sociedade Civil por todos os lados. Esperava
encontrar o Estado restrito de 64 e está, literalmente, como um burro diante da
catedral, perplexa. Pior, como já disse, não pode mais recuar e a ordem de
abrir fogo na Sociedade Civil já foi dada. A matemática do impeachment não
fecha. Michel Temer, cúmulo da humilhação, corre o risco de perder a liderança
do próprio PMDB.
Superestimando a capacidade
intelectual dessa oposição sempre acreditei que não dariam o salto para o
impeachment em razão da patente, e agora comprovada, inviabilidade material.
Mas deram.
Como essa matemática não fecha, o
voto aberto para a formação da Comissão, aprovado no STF, destruirá as
pretensões do Big DEM (PSDB/PPS/DEM) de isolar o governo com base em promessas
feitas a boca pequena, pois ninguém da base quererá estar fora do governo que
sairá desse round. O governo já anunciou e é justo, que não poderão permanecer
no governo os que apoiarem o impeachment. Cartas na mesa à luz do dia.
E ainda há mais preocupações para
os oposicionistas. Os anos FHC serão investigados no que tange á Petrobrás.
José Agripino está novamente na mira de Janot, Eduardo Azeredo foi condenado a
20 anos de prisão e o senador Álvaro Dias está deixando o PSDB. Não é um
qualquer. Trata-se de senador de alta estirpe do tucanato, muito bem informado
e oriundo do Paraná, estado onde se desenrola a operação Lava Jato. Que motivos
profundos teria Álvaro Dias de ir, neoliberal que é, para um partido como o PV,
cuja ideologia é, reconheçamos, uma chateação para o neoliberalismo? O lugar
dele é na alta Corte da direita e não num partido ecologista. Parece querer que
o esqueçam por uns tempos. Por que? O certo é que quando certos personagens
começam a abandonar o navio é justo concluir que esteja afundando.
Senão, vejamos:
1. O cenário é sombrio, há na
Sociedade Civil e na intelectualidade uma indignação generalizada com a ideia
do impeachment em base muito mais larga do que a área de influência do PT;
2. A matemática do voto no
Congresso não fecha;
3. A iniciativa já não pode ser
abortada. A oposição está com o bloco na rua e sem retaguarda;
4. Eduardo Cunha terá que ser
carregado pela oposição até fins de fevereiro (um cadáver insepulto na sala de
jantar do tucanato);
5. O voto para a Comissão será
aberto, expondo a base governista ao crivo dos líderes partidários e da
governança em vista do novo governo que sairá do round;
6. A Sociedade Civil gostou de ir
para a rua e quer mais;
7. A justiça começou a bater à
porta do governo FHC em cima da ... Petrobrás;
8. Há três meses de deserto para
secar ao sol e sofrer ataques de todos os lados;
9. Temer, esperança dos
oposicionistas, desmoralizou-se e corre o risco de perder a presidência do
PMDB, não reúne mais nenhuma condição moral ou política para ser alçado ao
líder de consenso, ao contrário por onde passar será vaiado;
10. O PIG sujeito à nova lei da
mídia e necessitado das verbas publicitárias governamentais (e não colherá o
governo golpista que plantou) terá que ensaiar nova civilidade.
A conjuntura pôs a Sociedade
Civil e o governo na contingência de contra atacar. Não foi uma escolha. Foi
uma decorrência da decisão do STF.
A mudança da política econômica é
parte desse cenário. O povo na rua também. A hora é de pensar no conjunto de
ações que possam assegurar a essa oposição golpista uma travessia do deserto de
que jamais se esquecerão.
A iniciativa está conosco de
forma estável por três meses e, sim, temos contas a acertar.
No acampamento golpista reina o
silêncio. Eles perderam a guerra e já sabem. E não podem recuar.
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