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Ronaldo Caiado, uma das figuras mais infames da política brasileira, é um latifundiário, membro de uma família reacionária que domina, há décadas, o Estado de Goiás.
A família Caiado é uma das famílias que já existiam na época da fundação do Estado de Goiás, com a proclamação da República (1889). Essas famílias digladiavam-se pelo domínio das terras do Estado.
Com o fim da república oligárquica, o Estado passou por um processo de desenvolvimento com a formação e o crescimento de muitas cidades, entre elas, Goiás, a primeira capital, e Goiana, feita capital em 1937. Mas o Estado sempre foi um paraíso para os latifundiários, devido à grande extensão territorial.
Ao final da ditadura militar, no Brasil, em 1985-1986, Ronaldo Caiado e outros fundaram a União Democrática Ruralista (UDR), em parte devido à aprovação do Decreto nº 97.766 de 10 de outubro de 1985, que instituiu o Plano Nacional de Reforma Agrária, em parte com vistas à Constituinte. Temendo que a Reforma Agrária fosse implementada, uma associação de latifundiários resolveu antecipar-se à Constituinte e formou um grupo com propósito de barrar a reforma agrária, ou, no mínimo, impedir que ela atingisse os grandes latifundiários. No entanto, a Constituição incluiu, em seus artigos 184 e seguintes, um capítulo sobre a Reforma Agrária.
O papel dos ruralistas parece ter sido importante, pois o Plano de 1985 tinha como meta o assentamento de 1,4 milhão de famílias até 1989, mas, só conseguiu atingir, de fato, o número de 82.689 famílias. O governo do PT (de 2004 a 2011) foi responsável por 57% de todos os assentamentos registrados na história do país. O governo de Dilma Rousseff, por sua vez, preferiu gerir um programa de assistência técnica para as famílias assentadas em vez de intensificar os programas de assentamentos.
Historicamente, o papel dos latifundiários sempre foi o de deter o avanço da reforma agrária. Desde meados do período da República Velha, vem-se dizendo que reforma agrária é coisa de comunista. Na verdade, reforma agrária é um processo capitalista, de dotação de terra, com propriedade registrada em cartório. Todos os países desenvolvidos do mundo passaram pela reforma agrária. A falta dela é um dos motivos do atraso do país.
A UDR trabalha, entretanto, em diversas frentes: na política (com patrocínio de candidatos favoráveis à sua política, ou com candidaturas próprias, como a de Caiado), na justiça (pressionando juízes e mantendo bons advogados) ou por meio de jagunços.
Essa organização (UDR) uma das maiores organizações criminosa do Brasil, competindo com a PM. Tem em sua conta um número assustador de assassinatos, muitos deles praticados com a conivência da polícia ou com a ajuda explícita dela.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) registrou a ocorrência de 36 mortes violentas no campo em 2014 e 50 em 2015, todas relacionadas com conflitos no campo. Nesse período (2015), havia 1.217 conflitos relacionados à terra no país. Grande parte deles se dá no cerrado, área maior de atuação da UDR.
A UDR é uma organização com ficha corrida. Tem na sua conta o assassinato de Chico Mendes, por exemplo. Marcos Prochet, antigo presidente da UDR, foi levado a júri popular em 2013 pelo assassinato de Sebastião Camargo, que foi morto durante um despejo ilegal, praticado por jagunços. O ruralista foi condenado a 15 anos de prisão.
Mas a conta da UDR não é apenas de assassinatos. É também de posse ilegal de terra; de ocupação de terras públicas; de fraudes em registro imobiliário. Isso sem contar a expulsão de pequenos agricultores para roubar-lhe as terras.
Ronaldo Caiado, por sua vez, foi sempre promotor de uma política raivosa contra os sem-terra, chegando a contratar rádios para disseminar essa política. O escritor Fernando Morais conta, por exemplo, que Caiado disse, certa vez, que defendia a esterilização das mulheres nordestinas por meio de um remédio que seria adicionado à água, afirmando que, com isso, resolveria um dos maiores problemas do país que era “a superpopulação dos estratos sociais inferiores, os nordestinos”.
Na verdade, os estratos sociais inferiores são, justamente, os latifundiários, pois são elas, acima de todos, os responsáveis pelo atraso do país. A insistência na manutenção das grandes propriedades de terra, da monocultura nessas grandes propriedades (agronegócio) e a concentração da terra na mão de uns poucos representa, para o país, um prejuízo gigantesco, seja em termos de exportação, seja em termos do abastecimento interno.
Hoje, Caiado, senta-se confortavelmente numa poltrona do Senado Federal para atacar a presidência da república em nome da moral e da justiça. Como pode um sistema judiciário permitir que um assassino julgue um presidente da república?
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