sexta-feira, 8 de julho de 2016

Folha, Estadão e Globo tiveram queda vertiginosa de circulação, por Raymundo Gomes

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Jornal GGN - Nesta semana, o jornalista Fernando Rodrigues, do UOL, mostrou dados que revelam a redução dos gastos do governo Dilma Rousseff com publicidade na mídia, entre eles um corte de R$ 260 milhões para a Rede Globo em 2015. Em meio aos números, aparecem também dados que revelam uma forte queda dos três maiores jornais impressos do país: Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo.
Segundo os números do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), a Folha perdeu aproximadamente um terço de sua circulação impresa em cerca de três anos, atingindo 166 mil exemplares diários. O Globo caiu de 228 mil exemplares em 2013 para 181 mil em 2016, e o Estadão, de 189 mil para 146 mil no mesmo período. Mesmo somando os números da circulação digital, os três veículos apresentaram queda nos últimos anos. 

Leia mais abaixo, no análise de Raymundo Gomes no Diário do Centro do Mundo.

Enviado por romério rômulo

Do Diário do Centro do Mundo


Por Raymundo Gomes

A informação que mais impressiona, no post de Fernando Rodrigues no UOL sobre os gastos do governo Dilma com publicidade na mídia, não é a manchete por ele escolhida, o corte de R$ 260 milhões sofrido pela Rede Globo em 2015. É um dado que passou despercebido em meio às muitas tabelas do post: a vertiginosa queda de tiragem dos três jornalões brasileiros, Folha de S. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo.

Os valores de 2016, segundo o blog, referem-se apenas ao mês de abril – o que impede uma comparação apropriada com os três anos anteriores. O tombo, porém, é inegável, como mostra o gráfico abaixo.
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São números do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), financiado pelas próprias empresas para medir o alcance desses veículos e informar ao mercado publicitário quantas pessoas leem cada um deles. Em geral são dados pouco divulgados ao público – salvo exceções ocasionais, os donos dos jornais brasileiros nunca se orgulharam muito de suas tiragens, baixíssimas se comparadas às de outros países.

O número que mais impressiona é o da Folha – uma queda de aproximadamente um terço de sua circulação impressa em apenas três anos. O jornal que duas décadas atrás se orgulhava de tirar 1,5 milhão de exemplares aos domingos (circulação, convém ressalvar, dopada por fascículos e outros produtos), hoje apresenta uma circulação impressa de meros 166 mil exemplares diários, queda que se acentuou na gestão de Sérgio Dávila à frente da redação. Neste ritmo, dentro de dez anos a Folha deixa de existir na versão impressa.

As curvas do Globo e do Estadão são parecidas, indicando uma tendência firme de abandono dos jornais pelo público. Algo a ver com a linha adotada por esses veículos, fortemente editorializada, despreocupada com a verdade e desconectada da realidade do país?

Em tempos de mesóclise, poder-se-ia alegar que essa queda vem sendo compensada pelo aumento do número de assinaturas digitais. A realidade, infelizmente, é menos rósea. A leitura digital, que alguns anos atrás era a grande esperança dos patrões, bateu no teto: o número estancou e até parece apresentar ligeira queda em 2016. Além disso, converter o leitor em receita publicitária na mesma proporção do impresso, sem os custos de impressão e distribuição do jornal físico, foi uma utopia que não se verificou.

Os dados acima fazem a adição simples dos números de circulação impressa e digital, mas, como é possível que parte do público assine ao mesmo tempo as duas versões (o post de Fernando Rodrigues não esclarece se há interseção entre os dois números), talvez a situação real seja ainda mais grave.

Esses números causam ainda mais espanto quando se considera que o período 2013-16 despertou altíssimo interesse do público pelo noticiário, em razão da crise política e econômica que se arrasta desde as manifestações da Copa das Confederações. Os jornais deveriam estar vivendo uma era de ouro; no entanto, arrastam-se decadentes e aceleram a própria morte ao produzir um jornalismo de baixa qualidade e intelectualmente desonesto.

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