quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O que está passando pela cabeça de Joaquim Barbosa ao chamar o golpe de “impeachment Tabajara”? Por Paulo Nogueira

               por : Paulo Nogueira // http://www.diariodocentrodomundo.com.br/
                                                                  Arrependido?


A melhor definição do golpe veio de alguém absolutamente improvável: Joaquim Barbosa.

Golpe Tabajara.

Barbosa disse isso, e muitas outras coisas, no Twitter. E suas considerações viralizaram. Centenas, às vezes milhares de retuítes.

Ele tocou em pontos chaves do golpe Tabajara. Não só em português, mas em inglês e francês.
Tocou no papel da mídia como desestabilizadora do governo Dilma. Traçou um retrato devastador — e real em cada letra — de Temer, “um homem conservador, ultrapassado, desconectado do país”, alguém que é comparável à velha figura dos “caudilhos”.

Afirmou a impotência do STF. “Em matéria de impeachment, o STF pode fazer pouquíssimo. E fez pouquíssimo.”

Barbosa descreveu como poucos o golpe. Mas o mais extraordinário não é isto, e aí entramos no terreno da psiquiatria.

É como se ele simplesmente ignorasse seu papel na construção do golpe. Sem o Mensalão, e sem Barbosa especificamente, o impeachment de 2016 não teria ocorrido.

As mesmas forças conservadoras das quais Barbosa fala agora já haviam se agrupado então. Barbosa foi o Moro de então, o grande acusador, o impiedoso perseguidor das forças progressistas.

Como Moro, se tornou um ídolo da classe média manipulada pela imprensa que, anos depois, tomaria as ruas do país para pedir o impeachment de verde-amarelo.

Por falar tudo que a plutocracia queria que fosse dito, Barbosa foi capa de revistas, apareceu interminavelmente em telejornais, dominou as manchetes dos diários por um longo tempo.

Virou até máscara de carnaval.

O que ocorreu com ele? Como uma transformação tão vertiginosa?

Essa é uma das perguntas mais fascinantes destes nossos tempos.

Ele estaria arrependido? É possível. Mas esta hipótese não se sustenta sem que Barbosa peça claramente desculpas pelo mal que causou à democracia.

Tem planos políticos? Também é possível. Mas com sua interpretação do golpe Tabajara ele jamais ganhará um voto do público que o amava. Nas redes sociais você vê as mesmas pessoas que o veneravam atirar-lhe pedras agora.

Jamais a mídia lhe dará espaço para falar as coisas que vem falando.

A única coisa concreta é que ele está certo, absolutamente certo nas coisas que disse.

Apenas se esqueceu de dizer o quanto foi importante na construção do golpe Tabajara.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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