Foto: Antônio Milena/ABr
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Jornal GGN - Como parte das estratégias de interesse nacional dos Estados Unidos sobre o mercado mundial, a fabricante norte-americana de aviões Boeing tenta há anos derrubar a sua principal competidora, a Airbus. E peça central nessa disputa é a aquisição da brasileira Embraer, terceira companhia área do mundo.
Além de ficar atrás apenas das gigantes Boeing e Airbus, a Embraer fechou a cartela de vendas de 2016 com mais de R$ 21 bilhões de receita, grande parte com as vendas de pedidos firmes e com uma meta ainda maior: o chamado Desafio 200.
Neste ano, apesar dos cenários de crises econômicas no Brasil e no mundo, e de ter sido alvo das investigações da Justiça norte-americana e pela Comissão de Valores Mobiliários do país, chamada de Securities and Exchange Commission-SEC, a Embraer fechou o terceiro trimestre de 2017 com US$ 18,8 bilhões na carteira, superior ao segundo trimestre.
Na bolsa de Nova York, a Embraer não registrou resultados satisfatórios, com Lucro por ação de R$ 0,4773 no terceiro trimestre deste ano. Mas não atrapalhou o interesse das concorrentes. Foi na Dow Jones que surgiu o anúncio, divulgado nesta quinta-feira (21), de que a Boeing mantinha negociações mais intensas com a Embraer para a compra da empresa brasileira.
"Se concretizada, a aquisição fortaleceria a participação da Boeing no mercado nacional de jatos e também impediria que a Airbus tentasse a mesma medida", informou a publicação Dow Jones Newswires, em quase tom de comemoração.
A publicação não trouxe muitos detalhes sobre a negociação, que ocorreria de forma cautelosa. Mas em meio às suspeitas da transação, a resposta para o seguimento das tratativas partia do governo federal, atualmente sob o comando de Michel Temer, que vem adotando uma política de abertura do mercado nacional.
A Embraer precisaria da confirmação do governo, uma vez que este possui a chamada "golden share", que dá ao governo federal o poder de vetar transações como esta.
A reportagem da Dow Jones informou com base em fontes não identificadas. O GGN apurou diretamente com a assessoria de imprensa da Embraer, que confirmou o andamento das conversas junto à Boeing. "A Boeing e a Embraer confirmaram hoje que as empresas estão em conversações a respeito de uma potencial combinação, cujas bases ainda estão em discussão", informou, em comunicado.
"Não há garantias de que estas discussões resultarão em uma transação. Boeing e Embraer não pretendem fazer comentários adicionais a respeito das discussões. Qualquer transação estaria sujeita à aprovação do governo brasileiro e das agências reguladoras do Brasil, bem como dos respectivos conselhos e dos acionistas da Embraer", esclareceu a fabricante brasileira ao GGN.
O comunicado tfoi cauteloso, ressaltando que as informações eram referentes a "perspectivas futuras", que "podem estar sujeitas a Risco e Incerteza". "A Boeing e a Embraer não podem garantir que essas perspectivas futuras se revelem corretas. O leitor não deve confiar totalmente em tais declarações futuras, pois informações aqui contidas referem-se apenas ao material divulgado neste release", ainda pontuou.
De acordo com apurações feitas pelo GGN junto a interlocutores da companhia, a entrega da fabricante de aviões representa um risco direto não apenas aos negócios estimulados dentro do país, como também a um setor estratégico de Defesa do Brasil, uma vez que é responsável pela fabricação de aeronaves militares.
Apesar da falta de justificativas para a intenção das negociações no comunicado, o relatório do 3º trimestre de 2017 da fabricante brasileira de aviões revelou algumas preocupações: em comparação ao ano passado, houve uma queda de 16% na receita líquida dos meses de Julho a Setembro.
Ainda, com as perspectivas de operação do primeiro jato bimotor de médio alcance da linha E-Jets E2 no próximo ano, e consequente aumento dos custos de fabricação destas aeronaves, a expectativa para 2018 não era de um salto em receita líquida da empresa nacional.
"A Embraer espera que 2018 seja um ano de transição, com a entrada em operação do primeiro modelo E2, o E190-E2, aliada a um mercado ainda estável nos segmentos de Aviação Executiva e de Defesa & Segurança. Nesse cenário de transição e de aumento de custos com as primeiras entregas do E2, a Companhia estima que em 2018 sua Receita líquida seja de US$ 5,3 a US$ 6,0 bilhões, com 85 a 95 jatos entregues pela Aviação Comercial e 105 a 125 jatos entregues pela Aviação Executiva", informou, no relatório.
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