segunda-feira, 1 de abril de 2019

Era só tirar a Dilma? Pibinho do mercado pró Bolsonaro veio para ficar, diz Gleisi

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Era só tirar a Dilma? Pibinho do mercado pró Bolsonaro veio para ficar, diz Gleisi
O ministro da Economia, Paulo Guedes, discursa na solenidade de transmissão de cargo.

Se Dilma sair, PIB dobra. Manchete de O Antagonista

Seria instantâneo. Bastaria uma troca da sinalização. É o que está acontecendo na Argentina. Não precisou de dez dias para a criação de um círculo virtuoso. A partir do momento que você sinaliza que está entrando em campo um governo que entende as delicadas engrenagens do livre mercado e vai colocar a sua sabedoria a favor do desenvolvimento, o fluxo de investimentos se reestabelece e a confiança desabrocha. Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, em entrevista

Gleisi Hoffmann: Por que o Brasil não cresce

A presidenta nacional do PT prevê aumento da tragédia econômica diante da incompetência de Jair Bolsonaro. “Sem renda popular não há, nem haverá crescimento”


O mercado financeiro, com apoio da grande imprensa, já refaz a expectativa de retomada do crescimento do país, adiando, mais uma vez, agora para 2020.

Fazem isso desde 2016, com o golpe, quando diziam que era “só tirar a Dilma”, que tudo se resolveria.

Não conseguem entender porque o país patina. Afinal, tiraram a Dilma, prenderam o Lula e deram vitória a Bolsonaro.

Quase quatro anos se passaram e nada! A coisa continua ruim com perspectiva de piorar.

Com análises complexas e teses rebuscadas tentam vender que faltam poucas reformas para a coisa acontecer.

A reforma da vez é a da previdência. Solução para todos os males. Mas vamos lembrar o que já fizeram antes com a mesma promessa. E nada!

Fizeram a Reforma Trabalhista, tirando direitos e precarizando empregos, diminuindo salários e a renda da maioria do povo. Aprovaram a PEC-95, que congelou por 20 anos os recursos para a Educação, Assistência e Saúde, liberando dinheiro para pagamento da dívida pública.

O resultado está sendo o desmonte da educação pública e a piora constante na Saúde, inclusive com o fim do programa Mais Médicos, expurgando os médicos cubanos.

Entregaram a Petrobras aos americanos, desregulamentando o Pré Sal, asfixiando a indústria nacional de petróleo e gás e desempregando milhares de pessoas. Isso para só ficar em três grandes exemplos.

A Reforma da Previdência vai retirar direitos e renda dos que mais precisam de proteção e vai jogar, com o sistema de capitalização, bilhões de reais de recursos públicos para os bancos administrarem, concentrando ainda mais a renda. Não tem resultado bom nisso.

A economia é um tema difícil, mas não complexo ao ponto que impeça as pessoas de ver a realidade que está por trás da estagnação do país. Quanto mais reformas liberais forem feitas, mais ela vai definhar.

Sem investimento público e privado, com o setor da construção destruído pela Lava Jato, sem programas sociais para aliviar a baixa renda do povo, de onde viria crescimento?

Ao priorizar pagar juros altos para a dívida pública, tirando dinheiro de outras áreas, o Estado brasileiro diminui a renda em circulação na economia real, aquela que é inerente à vida das pessoas, concentrando dinheiro no sistema financeiro.

Sem dinheiro não há consumo, sem consumo não há produção e serviços, sem isso o investimento para, os empregos minguam e vai adiante o círculo vicioso da recessão e estagnação.

Ainda tem de somar a essa tragédia a política externa implementada por Bolsonaro que ameaça fazer nosso comércio exterior regredir.

Erros crassos na política externa do governo ameaçam agravar a nossa crise econômica.

]Em menos de 90 dias de gestão, Bolsonaro criou problemas com a China, nosso maior parceiro comercial, gerando riscos para nossos produtores rurais e de minério de ferro, entre outros.

Afrontou os países árabes, grandes consumidores de carnes brasileiras, ao tomar partido pró-Israel na disputa de sete décadas entre israelenses e árabes sobre Jerusalém.

Em visita aos EUA, o deslumbrado Bolsonaro se comprometeu a comprar trigo americano em detrimento dos produtores nacionais e também da Argentina, nosso segundo parceiro comercial e grande vendedor de trigo para o Brasil

Ou seja, para agradar ao governo americano, compramos uma briga sem motivo com os chineses, com os árabes e com os argentinos, colocando em risco mercados que o Brasil conquistou com muito esforço.

Poderia mencionar outros exemplos. A postura do governo brasileiro pode prejudicar nosso comércio com a Europa e com outras regiões.

Se o Brasil precisa ver crescer sua economia e gerar empregos e renda no Brasil, a nossa política, até agora segue o caminho inverso.

Não precisa ser economista ou tampouco iluminado para ver o óbvio. Sem renda popular não há, nem haverá crescimento.

Sem que nosso comércio, interno e externo floresça, não vamos gerar empregos e renda no país. As políticas do governo brasileiro, de prosseguir no arrocho monetário de Michel Temer e as barbaridades na política externa não vão permitir uma retomada econômica.

Infelizmente, teremos que conviver mais tempo com esse pibinho do mercado pró Bolsonaro.

Gleisi Hoffmann é deputada federal (PT-PR) e presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores

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