quinta-feira, 12 de novembro de 2020

A Mídia, Que Apoiou Bolsonaro, Está Mais “Antipetista” Do Que Nunca

            Celeste Silveira 

O ” antipetismo” está para a velha mídia industrial, como o “anticomunismo” está para o bolsonarismo, que é uma cópia do trumpismo.

Se para Bolsonaro, em sua caricatura de Trump, tudo o que não é espelho, é comunismo, para a mídia industrial, sobretudo a Globo, tudo o que não for mercado, é antipetismo.

E quem não é mercado? Os pobres, os trabalhadores. Mas como é feio atacá-los, ela ataca a esquerda, mas não de forma genérica, ataca o maior partido de esquerda do país, o PT. E se o ataque frontal da mídia ao PT se desgastou nos últimos cinco anos de Lava jato, com as descobertas da armação entre as redações, a Força-tarefa de Curitiba e o juiz corrupto e ladrão, o negócio agora é fazer de conta que não existem Dilma, Lula e o PT, o que significa não existir trabalhadores, desempregados, perda do poder de compra do salário mínimo e a volta da miséria de forma epidêmica.

Nesse ponto, a crítica da mídia a Bolsonaro é um bom negócio, pois assim não debate as questões centrais que afligem os brasileiros, como as reformas que pioraram muito a vida do povo, tanto que ela consegue criticar Bolsonaro resguardando a imagem de Paulo Guedes, que foi o principal motivo do seu apoio à eleição de Bolsonaro por Guedes ser a própria encarnação do neoliberalismo e, consequentemente, dos banqueiros.

Claro que isso, muitas vezes, torna-se uma grande piada. Num fato político de repercussão nacional, por exemplo, a Globo colhe declarações de políticos mumificados como FHC ou de uma “grande liderança”, de importância nenhuma, de um partido que só é lembrado quando citado pela mídia em suas manobras editoriais.

O negócio é manter o PT, Lula e Dilma fora dos assuntos ligados à política, a não ser para comemorar uma suposta perda de território político na agenda eleitoral, como estão agora tagalerando Cantanhêde e cia.

O fato é que não se sabe se essa estratégia é por burrice ou pela falta de uma agenda minimamente popular, ou que, pelo menos produza vertigem nos incautos.

Na verdade, o que a direita tem hoje, é isso. Se antes, ela usava o ataque ao PT com uma série de mentiras e fake news para tentar catapultar um tucano qualquer, agora, praticamente mortos, a mídia prefere fazer de conta que a esquerda brasileira também morreu, fato que não deixa de ser revelador, pois escancara a inanição porque passa o conservadorismo tropical.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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