sábado, 17 de fevereiro de 2018

Intervenção e eleição: o jogo está na mesa

                     Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Foto Orlando Brito


Uma curiosa coincidência reuniu no mesmo dia dois fatos importantes para a definição do quadro eleitoral de outubro: 1) a decisão do presidente Michel Temer de decretar intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro; 2) o recuo do recuo do recuo de Luciano Huck, que anunciou que está mesmo fora da corrida presidencial. O que tem uma coisa a ver com a outra? Tudo.

Não há como reduzir a necessidade de se combater a insegurança e os desmandos no conflagrado Rio de Janeiro a uma mera questão eleitoreira. Alguma coisa precisava ser feita. Mas é óbvio que a súbita decisão de força do Planalto – por que só agora? -, mudando o foco do governo para esse tema, tem viés político e eleitoral.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

A epidemia de tiroteios faz dos EUA uma anomalia no mundo desenvolvido

Massacre em escola em Parkland, na Flórida
    Mães e estudantes, nesta quarta-feira, na escola da Flórida.  (AFP)


Em menos de dois meses, violência armada matou mais de 1.800 pessoas no país.
Último caso aconteceu em escola de Parkland, na Flórida, e matou mais do que Columbine

O tiroteio desta quarta-feira em uma escola de ensino médio em Parkland, na Flórida, que matou pelo menos 17 pessoas, é o exemplo mais recente de uma série de números horripilantes. As estatísticas são um duro golpe de realismo por trás da epidemia de violência armada que sacode os Estados Unidos sem trégua.

Desde o começo de 2018, 1.816 pessoas morreram nos EUA devido à violência armada, de acordo com os dados mais recentes da organização Gun Violence Archive. Isso equivale a uma média de 40 mortes por dia.

Com 40.000 venezuelanos em Roraima, Brasil acorda para sua ‘crise de refugiados’

Imigrantes venezuela
Imigrantes venezuelanos no chão da rodoviária de Boa Vista no início do ano passado.  (FOLHAPRESS)

Presidente reconhece situação de 'vulnerabilidade' no Estado e edita Medida Provisória com ações de assistência para imigrantes


Diante da escalada da crise na Venezuela que leva cada vez mais venezuelanos a cruzarem as fronteiras rumo ao Brasil em busca de uma vida melhor, o Governo de Michel Temer assinou um decreto reconhecendo a "situação de vulnerabilidade" em Roraima. O Estado é a principal porta de entrada dos imigrantes que fogem da crise de abastecimento de alimentos, do colapso dos serviços públicos e de uma inflação de 700% no país vizinho. O presidente ainda editou uma medida provisória (MP) que acena com ações de assistência emergências para imigrantes venezuelanos no Estado em diversas áreas, como proteção social, saúde, educação, alimentação e segurança pública. Elas serão coordenadas por um comitê federal composto por representantes de distintos ministérios e conduzidas em parcerias entre União, Roraima e municípios.

Breves notas sobre a intervenção militar no Rio



Sobre intervenção militar no Rio, pouco a dizer: antes de mais nada, há que se produzir uma análise política e rechaçar toda tentativa interesseira de transformar esse evento num discurso técnico.

(1) pode vir algo de bom de um governo ilegítimo, aliado aos setores mais retrógrados do país e refém de segmentos autoritários incrustados na justiça, no MP, nas polícias e nas Forças Armadas e que tem dado reiteradas provas de desrespeito ao povo, à Constituição, aos direitos humanos e até mesmo à soberania nacional?

Quatro eleições mudam o rosto da América latina este ano

Resultado de imagem para eleições 2018


Em meio a enormes turbulências econômica e politicas, a América Latina elege, este ano, aos presidentes de quatro dos cinco países de mais peso no continente: Brasil, México, Colômbia e Venezuela. Cada um dos suas particularidades, os quatro casos colocam em questão a continuidade ou a mudança dos governos atuais e a correlação de forças entre esquerda e direita no conjunto do continente.

Por ordem cronológica, é a Venezuela o país que primeiro terá eleições presidenciais, recém definidas para 22 de abril, quando Nicolás Maduro se joga sua reeleição, em meio a dificuldades da oposição para determinar seu candidato e até se participa ou não das eleições. É a grande data aguardada pela oposição, acreditando ha muito tempo que poderia derrotar o governo e terminar com o ciclo de governos chavistas.

Bomba semiótica?


por Fernando Horta

Em 1972 um fotógrafo vietnamita, Nick Ut, e uma menina coberta por Napalm, Kim Phuc, foram responsáveis pela “bomba semiótica” mais conhecida deste século. Kim, então com nove anos, no centro de uma foto em preto e branco, com várias outras crianças também chorando, sendo escoltadas por soldados, fugindo de um ambiente de guerra por uma estrada vazia e rústica em que o observador olhava em sentido contrário: a menina saía da guerra e o sujeito que contemplava a foto era dragado para dentro do conflito. A obra de arte de junho de 1972, dizem, teve um efeito “devastador” na “opinião pública” norte-americana. A guerra, no entanto, só terminaria em 1975, ainda que os norte-americanos tenham se retirado em 1973, com a assinatura do Tratado de Paris.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Brasileiro vive metamorfose política em meio à combustão carnavalesca

Integrante da Beija-Flor, escola vencedora do carnaval 2018
Integrante da Beija-Flor, escola vencedora do carnaval 2018  (AFP)

Eleitores já começam a vislumbrar candidatos e a estudar os seus planos de Governo 90% querem renovação em 2018


A repulsa popular fez-se ouvir, ao som de batucada e tamborim, em pleno Carnaval. A campeã Beija-Flor, no Rio de Janeiro, com o mote “Os filhos abandonados da pátria que os pariu”, que o diga. As escolas de samba fizeram seu ato de repúdio às feridas abertas do país e os líderes dos blocos carnavalescos também enviaram seu recado de norte a sul. Mais olhos para o povo, menos governos corruptos. Foi a reação tardia, elaborada em forma de samba, às reformas poucos debatidas, ao teto de gastos públicos que reduz a qualidade dos serviços públicos, e às notícias infindáveis da corrupção que engorda a classe política nacional.

Chuva no sertão. cobiça sobre as águas


No Nordeste, os reservatórios rurais voltam a se encher. Mas a oligarquia internacional da água vai reunir-se em semanas em Brasília, para tentar ampliar seu controle sobre um dos Comuns essenciais da humanidade

Roberto Malvezzi (Gogó)

Depois de longos anos com chuvas abaixo da média, agora chove por todo sertão do Semiárido Brasileiro. Como cantava Gonzaga: “rios correndo, as cachoeiras tão zoando, terra molhada, mato verde que riqueza e a asa branca à tarde canta, ai que beleza, ai, ai o povo alegre, mais alegre a natureza”.

Os grandes reservatórios ainda estão secos ou muito baixos, mas os reservatórios médios, pequenos e micros, como as cisternas, já estão todos cheios. São eles que importam realmente no cotidiano de nosso povo. As grandes obras têm pouca serventia à população difusa do semiárido. Por isso, o problema da água hoje é mais grave no meio urbano que no meio rural nordestino.