Ilustração Outras Palavras
Procuradores a serviço da indigência intelectual
por Luis Felipe Miguel
A ofensiva contra os cursos universitários que discutem o golpe de 2016 foi sustada diante da forte reação do mundo acadêmico - Mendonça Filho desistiu de mobilizar o MEC para censurar a UnB, as tentativas feitas localmente na Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul não prosperaram. Mas agora eles estão voltando à carga, com as atitudes inacreditáveis de procuradores de Goiás e, agora, do Ceará.
Li a representação do procurador-chefe da Procuradoria da República em Goiás, que na verdade é um gaúcho com trajetória de militância na extrema-direita. O texto devia ser estudado em cursos de lógica. É um monumento à imbecilidade argumentativa. Ele parte do pressuposto que caracterizar a derrubada da presidente Dilma Rousseff como "golpe" é assumir uma posição político-partidária, vedada ao funcionário público no exercício de suas funções. Quem assim entende a ruptura da ordem constitucional ocorrida em 2016 é, diz o procurador, "fiel seguidor da seita do condenado por corrupção e lavagem de dinheiro", cujos alunos são "lobotomizados" nas "mais perdulárias e ineficientes máquinas universitárias do mundo".