Esta foi a explicação do vereador de Poá-SP, no Facebook,
sobre a foto em que Marina aparece sorrindo durante o velório de Eduardo
Campos.
“Num certo momento da madrugada, eu perguntei para Dona Renata, na
presença de Marina, no que consistia a força admirável dos meninos e dela,
principalmente, demonstrada diante de tamanho sofrimento e de tamanha dor.
Ela
calmamente tocou o porta-retrato do Eduardo que estava sob o caixão e contou do
quanto achava lindo o sorriso dele, do quanto ele inspirava a família a sorrir
em todos os momentos da vida mesmo quando a dor fosse uma tortura.
Então, disse que
estava orgulhosa dele porque conseguiu deixar uma mensagem para o Brasil e
realizada porque ele deixou um legado inspirador. Por fim, ela relembrou, como
bom nordestino, do quanto ele gostava de contar ‘causos’ e alegrar a vida de
todos por onde passava.
Então, sorrimos. Nós
cinco.”
Talvez
a explicação acalente alguns espíritos, até porque "o sorriso" foi
extensivo aos familiares, segundo o vereador. Mesmo assim, fico na dúvida.
Nossa cultura não permite satisfação em velório. O contexto, em si, é de
saudade, de dor, de ausência, de perda. Tudo isto numa alma só e ainda ter
lugar para sorrisos é, no mínimo, estranho. Familiar sorrindo em velório pode
ser muita coisa, menos satisfação. Quem está “fora” até pode querer entender.
Muitas vezes o familiar quer se mostrar forte, demonstrar para si mesmo que aceita
a inevitabilidade da morte. Às vezes, ingere algum medicamento para “melhor”
suportar a dor. Tudo isto não afasta o que a morte representa para nós. Morte é
dor mesmo. É olhar para o infinito e não se encontrar, se sentir perdido e sem
rumo. É perda, é vazio, é a alma sendo torturada. Agora, para quem está “fora”
o sentimento deve ser outro. Deve ser aquele sentimento de respeito ao pesar do
outro, quaisquer que sejam as manifestações do outro. Quando digo respeito, é
aquele sentimento que nos faz perder a palavra. Que não venham as lágrimas, mas
que se imponha o silêncio. Se motivo houver para um sorriso, que venha, mas
sutilmente acobertado por um gesto de contenção. Por favor, nada eleitoreiro.
Não votaria no Eduardo Campos, mas fiquei triste com sua morte. Por vezes, ao
ler algumas matérias, as lágrimas avisaram. Sentimentos diversos: a violência
do acidente, o desespero dos familiares, os sonhos interrompidos e tudo o mais
que nós humanos podemos acalentar... em minutos já não existiam mais. Isso não
tem graça nenhuma.
Nonato Menezes
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