segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Fraga recomendou não investir em Minas quando era presidente do BC

Em conversas com empresários e investidores estrangeiros, recomendou taxativamente que eles deveriam evitar investimentos em Minas Gerais.

Antônio Lassance (*) - http://www.cartamaior.com.br/

Quando era presidente do Banco Central, Armínio Fraga atuou como verdadeiro consultor privado. E pior: contra o Brasil e contra Minas Gerais.

Em conversas com empresários e investidores estrangeiros, recomendou taxativamente que eles deveriam evitar investimentos em Minas Gerais.
As conversas se tornaram públicas e ganharam repercussão no Congresso. O Senado ainda mantém o registro do fato (leia aqui).

Alguns parlamentares da base governista à época tentaram defender o presidente do BC. Outros, nem tanto, diante de algo indefensável.

Um dos senadores disse que Fraga havia ficado "abatido com a repercussão do episódio" -  bem entendido, chateado com a repercussão, mas sem se arrepender do que disse.

Pior, Fraga relatou ao parlamentar que a frase saiu porque "os investidores o pressionavam para que fornecesse informações sobre a situação econômica do país e dos estados."

Ou seja, em sua mesa de pôquer, quando a banca manda abrir o jogo, Armínio baixa logo as suas cartas.

Heloísa Helena, à época, no Senado, defendeu um voto de censura contra as declarações de alguém que, em cargo público, teria como missão defender o país.

O então senador Lauro Campos, um dos principais críticos da nomeação de Fraga, o qualificava como um vampiro tomando conta do banco de sangue.

O episódio vale a pena ser lembrado por evidenciar como funciona a cabeça do candidato a ministro da Fazenda de Aécio. Não importa o cargo público que ocupe, ele continua pensando como um agente do mercado.

Para ele, seus vícios e cacoetes são virtudes e prova de preparo. Sua convicção era a de que ele estava lá para isso mesmo: dizer ao mercado financeiro onde lucrar, com a recomendação do Governo Federal.

Aécio e Anastasia, os dois mágicos que governaram Minas, fizeram uma mágica curiosa. Normalmente, o truque é tirar o coelho de dentro da cartola. Os dois, no entanto, preferem a mágica de fazer o coelho sumir.

Suas pomposas políticas de "choque de gestão" e "déficit zero" tiveram como resultado transformar Minas Gerais no segundo Estado mais endividado do país.
Que conselho daria Armínio Fraga, hoje, a seus colegas investidores?

(*) Antonio Lassance é cientista político


Créditos da foto: Arquivo

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