domingo, 17 de dezembro de 2017

O grito e o gesto

 

Por Pedro Tierra


“Ah, chega de lamentos e versos ditos ao ouvido de alguém sem rosto e sem justiça...” Drummond.

“Meu nome é tumulto e escreve-se na pedra...” Drummond.

Gritamos nas ruas: não vai ter golpe! Mas o golpe se consumou. Gritamos nas ruas: uma quadrilha de corruptos não combaterá a corrupção. E eles seguem impassíveis saqueando os recursos do país protegidos pela própria estrutura do Estado. Continuamos gritando: o objetivo do golpe não foi afastar a presidente eleita porque tivesse cometido crime de responsabilidade, mas porque ela não cedeu à chantagem dos conspiradores.

Volkswagen fazia até Boletim de Ocorrência

Departamento de Segurança Industrial da montadora alemã atuava no Brasil em parceria com o Dops, a polícia política da ditadura

LUIZA VILLAMÉA

Imagem do acervo do Dops indica “agitador” nas imediações da VWFoto: Arquivo Público do Estado de São Paulo

É no mínimo surreal. O Departamento de Segurança Industrial da Volkswagen registrava até Boletim de Ocorrência (B.O.). Depois, despachava cópia para o Dops, a polícia política da ditadura. Apenas a Coleção “OS 1148” do acervo sob a guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo contém cópia de 155 boletins lavrados pela empresa e remetidos ao Dops durante 13 dias – de 25 de abril a 8 de maio de 1980.

O que é o ódio? Por acaso tem cura?



Fomentado pela política, ódio manifesta-se nas redes sociais o com virulência e até com nomes e apelidos. Mas qual é a anatomia do ódio?

A situação política que vivemos há anos está deixando muitas sequelas de ódio. Nas redes sociaisesse ódio se manifesta com virulência e até com nome e sobrenome. E eu me preocupo mais com essas sequelas do que com a própria evolução da situação política, ainda que ambas estejam relacionadas. O que é ódio? Por acaso tem cura?

As pessoas retratam o ódio apelando para emoções negativas e intensas, como o desprezo, a raiva ou o nojo, causados pela crença ou o julgamento de que o outro, o odiado, é um ser malvado e detestável. É como um estado de excitação, de fixação no odiado, e de desejos de vingança. Pode se dirigir contra indivíduos, como Donald Trump, contra o líder da oposição, contra um colega de trabalho ou contra o vizinho da frente; também contra negros ou judeus; contra o machismo, contra a homossexualidade ou o travestismo; contra perversões mentais, como o abuso de crianças; contra ideologias e religiões, como o comunismo ou o cristianismo; e até contra objetos inocentes, como o velho computador que trava toda hora ou a descarga do banheiro que vaza água.

A derrota estratégica do complexo jurídico-midiático, por Ion de Andrade

   Foto: Ricardo Stuckert

Por Ion de Andrade

Preparando-se para condenar e talvez prender Lula, o complexo jurídico-midiático estará selando uma derrota estratégica que se repercutirá nos anos futuros de forma ainda mais retumbante do que o Peronismo para os argentinos ou o Gaullismo para os franceses.

A inviabilização de Lula é a inauguração e não pós mortem, como costuma ser o caso pela perda do grande líder, do Lulismo; um inesgotável e vitorioso movimento que ecoará através dos tempos.

STF deve derrubar condenação de Lula em 2ª. instância

REUTERS/Ueslei Marcelino


Já faz tempo que a Constituição brasileira foi rasgada e lançada no lixo, inclusive pelo Supremo Tribunal Federal, que teoricamente seria o seu guardião. Isso aconteceu mais precisamente quando do julgamento do chamado “mensalão”, onde a prova foi substituída pela teoria do domínio do fato, que serviu de base para a condenação do ex-ministro José Dirceu. Depois, o novo procedimento da “nova” Justiça se consolidou com o afastamento da presidenta Dilma Roussef, consumado com a aprovação implícita da Suprema Corte, que fez vista grossa para a violação da Carta Magna, uma vez que não houve nenhum crime de responsabilidade que justificasse o seu impeachment. Todos tinham consciência disso, inclusive o Supremo. A partir daí desrespeitar a Constituição e atropelar as leis virou rotina, com juízes de primeira instância fazendo suas próprias leis e sentenciando os réus com base em suas convicções, não em provas. Suprimiu-se a presunção de inocência e dispensou-se a exigência de provas, bastando pura e simplesmente um exercício de interpretação e a vontade do magistrado para condenar alguém.

Desigualdade no Brasil lembra “Os Miseráveis” de Victor Hugo, compara Le Monde

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Por RFI

Le Monde publica neste sábado (16), em seu caderno de economia, a terceira reportagem da série desigualdades, enfocando a situação no Brasil e na Rússia. As análises aprofundam os dados do projeto World Wealth and Income Database (base de dados sobre patrimônio e renda), dirigido pelo economista francês Thomas Piketty. O documento divulgado na quinta-feira (14) aponta que, desde os anos 80, 1% da população mais rica do planeta aproveitou do crescimento econômico duas vezes mais do que os 50% mais pobres.

sábado, 16 de dezembro de 2017

A Previdência como carniça do sistema financeiro



O Globo anuncia que as três grandes agências internacionais de risco darão prazo até fevereiro para decidirem se desclassificam ou não o Brasil como destino de investimento. Oh, por Júpiter, bradarão os vigaristas do mercado financeiro! Eles contam com essa ameaça não por conta do risco mas a fim de aumentar a pressão para forçar o Congresso a aprovar de qualquer forma a chamada reforma da Previdência. Afinal, nem todo parlamentar é bem informado em questões financeiras. Muitos levam a sério a opinião das agências de risco.

Agências de risco existem há décadas. Elas se dedicavam originalmente a fazer avaliações de risco sobre empresas e países cujos clientes não tinham capacidade ou desejo de fazer estudos próprios para orientar seus investimentos. Era um trabalho essencialmente técnico. A partir da crise da dívida externa dos anos 80, elas passaram a avaliar os países também sob a ótica política. No momento seguinte, tornaram-se instrumento de forçar mudanças políticas de sentido neoliberal sobretudo nos países em desenvolvimento.

Por que a mídia de direita ataca Gilmar Mendes



Notícia de jornal e de hebdomadários é que nem jabuti em árvore. Não chega sozinho lá. Alguém ali o coloca. Para entender noticiário é preciso conhecer a história por detrás dele. Há sempre uma razão para ter este ou aquele título, este ou aquele lead, esta ou aquela abordagem. Há uma intenção latente em cada palavra, em cada frase, em cada parágrafo. O comunicador profissional é um formador de opinião e usa de toda a técnica para atrair o leitor para seu conceito da realidade.

O problema é que o leitor comum é desavisado, distraído. Toma a notícia por seu valor de face e, assim, não é difícil engambelá-lo. Engole qualquer coisa pelo argumento de autoridade: “se foi a Veja que disse, então é verdade”.