Extremamente sedutora na forma, a pós-modernidade é filha do irracionalismo e mãe da barbárie. Esperava um mundo livre das metanarrativas, expressão do poder sobre os corpos e da liberdade, mas se vê diante da produção industrial da mentira, do poder em seu estado puro
Por Jornal GGN
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Por Mauro Iasi
Tu deviens responsable pour toujours
de ce que tu as apprivoisé”
SAINT-EXUPÉRY
Quando nos vemos diante da catástrofe que nos assola, começamos a perceber alguns personagens de forma oportunista tentando abandonar o barco e se desvencilhar de declarações e laços que os ligam à nau desgovernada. É compreensível e esperado. No entanto, nossa responsabilidade é militar pelo não esquecimento.
Trata-se, de fato, de atribuir a quem de direito cabe a responsabilidade por um desclassificado, tosco e desequilibrado miliciano e sua família mafiosa ter chegado ao posto máximo da República. Em um conhecido poema, Verhoer des Guten, cuja declamação me custou um processo, Brecht fala de um personagem que, diante da catástrofe do nazismo, tenta se isentar de culpa afirmando ser um homem bom, que apenas emitiu sua opinião, que é bom amigo. A pergunta central do poema pode ser encontrada no momento em que o homem bom afirma que não age movido por seus próprios interesses, ao que o poeta pergunta: que interesses te movem, então?