segunda-feira, 22 de abril de 2024

Desafio do bolsonarismo e o papel da esquerda

Sérgio Lima/Poder360

Ato em Copacabana foi mais fraco do que se pensava, mas expôs com mais nitidez o ímpeto eleitoral da direita – e sua tática para outubro. Há tempo de evitar a ameaça, mas o governo e os partidos progressistas precisam mudar sua atitude

O bolsonarismo realizou um novo ato público neste domingo (21), em Copacabana, no qual houve uma quase repetição das falas e do conteúdo mostrado em outro evento, o da Paulista, em 25 de fevereiro. Mas também chamou atenção, desta vez, uma atenção mais pronunciada para as eleições municipais.

Não que o assunto tenha passado batido no ato da Paulista. Na ocasião, Michelle Bolsonaro buscou legitimar a união entre religião e política e seu marido falou que “[em] 2024 temos eleições municipais. Vamos caprichar no voto, em especial, para vereadores.” Ali a fala do ex-presidente evidenciava uma das prioridades táticas da extrema direita e do campo conservador: eleger o máximo possível de candidatos à Câmara Municipal neste ano.

Capitalismo “meia-boca”

Imagem: lil artsy

Por FERNANDO NOGUEIRA DA COSTA*
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Ensinar educação financeira a populares é democratizante. Propõe sim uma re-evolução sistêmica, para ir além do sistema capitalista, gradual e democraticamente, com uma meta mais socialmente igualitária

1.

O coletivo das economias comunitárias busca destacar a variedade de transações, formas de trabalho, relações de classe, tipos de empresas e relações ecológicas possíveis diante das dinâmicas de desenvolvimento nas economias contemporâneas. O geralmente considerado “a economia” se resume a trabalho assalariado, comércio de mercadorias no mercado e empresa capitalista.

Moraes vs. Musk – 1º round


Por JOÃO FERES JR.*
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Para realmente atingir Alexandre de Moraes, Elon Musk precisaria financiar uma campanha contra o ministro que fosse capaz de romper a bolha bolsonarista

Como já mostrou Nicolau Maquiavel, circunstâncias extraordinárias pedem medidas extraordinárias para resolvê-las.

O Brasil entrou em um período prolongado de crise institucional desde a eleição de 2014, quando após constatada a derrota do candidato da direita, forças políticas, a grande imprensa e parte do sistema de justiça se juntaram na missão de sacar o PT do poder.

O fracasso de Malafaia e Bolsonaro em Copacabana



"O pastor atraiu Bolsonaro para o que pode ter sido um dos maiores fiascos da extrema direita", escreve o colunista Moisés Mendes

Moisés Mendes

Até as baleias vistas de longe e citadas pelo deputado Gustavo Gayer sabiam que a aglomeração de Copacabana era de alto risco para o fascismo. E se confirmou o que muitos temiam.

A aglomeração fracassou pelo que não conseguiu acrescentar à manifestação de 25 de fevereiro na Paulista. O ato pode ser considerado, pelo contexto político, um fiasco histórico.

Níger, a primeira batalha do fim do mundo

Fontes: Rebelião [Imagem: Base Aérea 201, cerca de 5 km a sudeste de Agadez, Níger]

Embora os Estados Unidos ainda não se resignem a abandonar as bases de drones que têm no Níger - uma delas as maiores do mundo - o Governo do país africano já rescindiu e declarou ilegal o acordo que permitiu a Washington a presença de cerca de mil tropas e um número desconhecido de empreiteiros (paramilitares) na base 201, na região de Agadez, concluída em 2019 pelos americanos ao custo de centenas de milhões de dólares.


Devido aos acordos de Niamey com Moscovo, há poucos dias centenas de tropas russas chegaram ao país do Sahel com importante equipamento militar para o exército nigerino, que também tem a missão de treinar e construir um sistema de defesa aérea, o que representa o maior destacamento que A Rússia realizou no Níger.

Este estranho e muito perigoso episódio coloca frente a frente as forças russas e norte-americanas, pela primeira vez na história, no mesmo território, fora de qualquer guerra por procuração, com objetivos obviamente diametralmente opostos.

domingo, 21 de abril de 2024

Menos é mais – a infomania que se abate sobre nós

Imagem: Pascal Küffer

Por MARILIA PACHECO FIORILLO*
aterraeredonda.com.br/

O universo digital tornou-se o paraíso dos pesadelos e, na maioria das vezes, um culto à estupidez

1.

O universo digital é o paraíso dos pesadelos: a epidemia de opioides (como fentanil) que hoje mata mais pessoas que algumas guerras só tem um paralelo, igualmente mortífero: o patológico vício em redes digitais.

Esta é a opinião do filósofo coreano radicado na Alemanha Byung-Chul Han, que em seu livro Não-coisas -reviravoltas no mundo da vida, alerta para o insidioso e altíssimo risco de que o universo digital destrua a humanidade mais rápido que a crise climática, por exemplo. Para Byung-Chul Han, vivemos sobrecarregados e esgotados por zarabatanas de informações, a maioria mentirosa, o que nos transforma em zumbis desorientados e narcisistas. O mundo tangível se confunde com o mundo virtual, gerando uma sociedade deprimida, embrutecida e desmiolada. É a “sociedade do cansaço”.

O lesivo acordo da Lava Jato/Petrobras nos EUA


Da esq. para a dir.: Deltan Dallagnol, Gabriela Hardt e Sergio Moro (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados | Reprodução/Twitter)

"Por ironia do destino, os que se apresentavam como combatentes da corrução agora estão sendo desmascarados como corruptos", escreve Jorge Folena


Jorge Folena

O corregedor Nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, no seu voto pelo afastamento da juíza lavajatista Gabriela Hardt das suas funções, trouxe ao debate o acordo de leniência firmado entre a Petrobras, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América do Norte e a Procuradoria do Leste de Virginia, de interesse da lava jato, que construiu um estratagema para, de forma ilícita e simulada, receber uma generosa comissão, num nocivo esquema desenvolvido entre juízes e procuradores.

Entre a tutela e o golpismo


Presidente Lula cumprimenta militares da Marinha (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

"O que poderá impedir a curatela militar e eventuais intervenções no processo político é, só e tão só, a organização dos movimentos sociais", diz Roberto Amaral

Roberto Amaral
brasil247.com/

Comemora-se decisão do STF que, por unanimidade, pulverizou a interpretação castrense (que falava para além do texto) do malfadado art. 142 da Constituição Cidadã do dr. Ulisses, redigido pelo senador Fernando Henrique Cardoso, embora ditado pelo general Leônidas Pires Gonçalves, bedel da constituinte, cumprindo com rigor o dever que o castro se auto-atribuíra, de reduzir a termos aceitáveis pelos fardados as aspirações políticas e sociais “mais avançadas” dos constituintes de 1988, que chegavam a Brasília embalados pelas bandeiras progressistas da longa luta contra o regime de 1º de abril de 1964. Já nos havíamos libertado da ditadura tout court, mas persistia a supervisão política da caserna no novo regime, como parte do acordo que permitira a anistia capenga, a implosão do colégio eleitoral, a eleição de Tancredo Neves e a posse de José Sarney. Assim tinha início o governo da Nova República, no qual se projetava o regime decaído, mas não derrotado, tanto que pudera ditar as condições de sua retirada de cena, “lenta e gradual”, processo continuado que parece não ter fim, como sugerem o patrocínio castrense da ascensão política e do regime Bolsonaro, a intentona frustrada de 8 de janeiro de 2023 e o comando da Defesa no governo Lula.