quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A (i)moralidade do juiz moralista



Quando se descobriu que o juiz Marcelo Bretas, responsável pelo braço fluminense da Operação Lava Jato, obteve auxílio-moradia para si e para sua esposa, também juíza, a resposta do magistrado foi no sentido de dizer que ele apenas pleiteou judicialmente um direito que considerava ter. Vamos deixar de lado, por enquanto, o fato de que a resposta de Bretas veio por meio de seu perfil no Twitter, cheio de ironias, gracinhas e emojis.

Afinal, em qual poder reside o STF?


Afinal, em qual poder reside o STF?

por Pedro Afonso Figueiredo de Souza

“Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição...”. O artigo 102 da Constituição Federal inicia retratando a função primordial da nossa Suprema Corte. Entretanto, há algum tempo, temos nos acostumado a ver essa instituição se apequenar frente a diversas questões importantes, perdendo totalmente a sua função institucional de Guardião da Constituição e de peça fundamental da promoção da igualdade.

Podemos citar diversas afrontas assinadas pelo STF, desde o famigerado julgamento da AP470 – em que deturpou absurdamente a Teoria do Domínio do Fato, condenando um réu porque a literatura permitia-, passando pela conivência no Golpe do “impeachment”, até o homicídio da Presunção de Inocência, além dos diversos casos referentes aos descamisados que não ganham a atenção da mídia. Sem esquecer (jamais) do apoio dado ao Golpe Militar em 1964 e da deportação, em 1936, de Olga Benário à Alemanha Nazista.

União e informação: as bases da nossa resistência

Por Joaquim Ernesto Palhares 


Quais os desdobramentos da condenação em segunda instância do ex-presidente Lula na última quarta-feira (24.01.2018) e da ameaça de sua prisão em curto prazo? O que fazer neste momento e nos próximos meses? 

Essas e tantas outras questões, abertas pela fraude jurídica da última semana, fazem parte do Especial: Eleição sem Lula é fraude! que organizamos para você nesta semana. 

O Especial reúne artigos, reportagens e entrevistas imperdíveis, como a do economista Mark Weisbrot, autor do texto publicado no New York Times às vésperas do julgamento. Em entrevista ao site Nocaute, ele destaca a parcialidade do julgamento e diz sobre Sérgio Moro: “nos Estados Unidos, um juiz como esse seria, para dizer o mínimo, afastado do julgamento (confira a íntegra aqui).

Brasil, sem limites para a vulgaridade e a hipocrisia


TEREZA CRUVINEL

O Brasil, por suas elites rompidas com a Nação, entregou-se de forma despudorada ao ridículo, à vulgaridade e à hipocrisia. Um “país nojento”, na definição do líder da esquerda francesa Jean-Luc Mélenchon. Os últimos dias foram pródigos em cenas e falas de vulgaridade sem par, terminando com o lance hipócrita da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. Para ela, não foi uma capitulação o Supremo ter voltado atrás no caso de Aécio Neves, decidindo que a ordem de prisão contra parlamentares seja previamente autorizada pela respectiva casa. Resolvido o problema de Aécio, o STF deu nova meia volta, declarando que isso só valia para o Congresso, não para as assembleias legislativas. A do Rio havia usado a brecha para libertar três deputados estaduais. Mas para Cármen, o STF se apequenará se, depois da condenação do ex-presidente Lula sem provas pelo TRF-4, colocar em pauta as duas ações que já estão com o ministro Marco Aurélio, contra a decisão de 2016, favorável à prisão a partir da segunda instância. E se o ex-presidente desistir de sua candidatura presidencial, a revisão será possível? Esta pergunta não lhe foi feita mas sabemos a resposta.

A planilha que complica Temer e a PF ressuscitou

      Beto Barata / PR
Temer
   Temer em Davos. A PF suspeita de trambiques


Investigação de negociata em decreto portuário de 2016 retoma inquérito que indica propina a “MT” em Santos nos anos 1990

“Não vou admitir mais que se diga impunemente que o presidente é, se me permite a expressão, entre aspas, trambiqueiro, que fez falcatruas.” Será que a pretensão de Michel Temer, proclamada em uma rádio na segunda-feira 29, resiste ao passado do peemedebista? A julgar por um novo relatório da Polícia Federal (PF), não. 

O documento, de 15 de dezembro, propõe quebrar os sigilos bancário, fiscal e telefônico de Temer e foi usado por um delegado, Cleyber Malta Lopes, para pedir mais prazo para concluir investigações contra o presidente em um inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Lula: culpado de um crime desconhecido


Guilherme Mello

A falta de provas, seja da suposta propriedade do apartamento, seja da ligação entre o dinheiro utilizado e os contratos da Petrobras, evidenciaria a tentativa de ocultar o patrimônio obtido de maneira ilícita. Ou seja, a falta de provas é a prova cabal do crime

Nesta quarta-feira será finalizado mais um capítulo de um dos julgamentos mais importantes da história do Brasil recente. Neste julgamento será avaliada a sentença condenatória do juiz Sérgio Moro, em que se acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, por supostamente ter recebido de forma oculta um apartamento tríplex no Guarujá em troca de benefícios concedidos à construtora OAS em contratos da Petrobras. Dezenas de articulistas, juristas, professores e jornalistas têm discutido o significado do julgamento, seus pormenores e a existência ou não de provas do crime do qual Lula é acusado. Em sua grande maioria, os analistas apontam a fragilidade da sentença condenatória proferida por Sérgio Moro, seja na caracterização dos crimes, seja na análise das provas.

Como ter mais sorte: quatro chaves segundo a ciência

Como ter mais sorte: quatro chaves segundo a ciência
    RUBEN MONTENEGRO


Sorte é uma questão de atitude: o que você está disposto a fazer hoje para que ela te sorria?

Nem bater na madeira nem cruzar os dedos funciona. Se você quer ter mais sorte, a ciência descobriu o caminho. Pelo menos essa é a conclusão do professor Richard Wiseman, da Universidade de Hertfordshire no Reino Unido. Sua pesquisa começou com uma pergunta simples: como é possível que algumas pessoas estejam no lugar certo no melhor momento para que lhes aconteçam coisas positivas enquanto outras parecem arrastar a má sorte consigo? Como bom cientista social, Wiseman realizou vários experimentos para encontrar a resposta. Pediu a um grupo de voluntários que se classificassem de acordo com seu nível de sorte e que participassem de diversos testes. Um deles era um experimento muito simples: tinham de contar quantas imagens viam em um jornal. No meio do jornal, e sem que os participantes soubessem a priori, havia uma mensagem fácil de ler que dizia: “Diga ao pesquisador que viu isto e ganhe 250 libras”. As pessoas que consideravam que tinham sorte, paravam de contar e liam em voz alta a mensagem do jornal para receber o dinheiro. Fácil assim. Entretanto, aquelas que previamente não se consideravam sortudas, ficavam tensas e inclusive chegavam a não dizer nada. Aquele resultado inspirou a ideia central da sua pesquisa: a sorte é uma questão de atitude. “A maioria das pessoas simplesmente não está aberta ao que as rodeia”, diz Wiseman. Além disso, ele acredita que só 10% de nossa existência é aleatória, os 90% restantes são definidos por nossa maneira de encarar o que não acontece. Portanto, são boas notícias. Se quisermos ter mais sorte, temos de começar a partir de nós mesmos, pensando de um modo mais amável.

“Brasil atual lembra momentos sombrios da história do país”, diz escritor Godofredo de Oliveira Neto

“Brasil atual lembra momentos sombrios da história do país”, diz escritor Godofredo de Oliveira Neto


O escritor e professor titular de literatura brasileira da UFRJ, Godofredo de Oliveira Neto, veio à Europa dar uma palestra sobre seu romance “O Bruxo do Contestado”. Em entrevista à RFI, ele lembra a importância dessa revolta messiânica do sul do país, ocorrida no início do século 20, que ainda ajuda a entender o Brasil de hoje. “O momento atual me lembra momentos sombrios da história brasileira”, compara o escritor.

“O Bruxo do Contestado” é o primeiro dos 10 romances de Godofredo de Oliveira Neto. Ele foi publicado inicialmente em 1996, teve excelente crítica e já está na quarta edição. O livro entrelaça três períodos históricos, o presente da narradora, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra do Contestado.