segunda-feira, 9 de abril de 2018

UM PRESO EXCEPCIONAL


Wanderley Guilherme dos Santos

A empresa holandesa SBM Offshore topou pagar, agora, multa de um bilhão de reais pela redenção da corrupção de funcionários da Petrobrás, em 1997. Era presidente da República Fernando Henrique Cardoso, em campanha para alterar a Constituição, permitindo sua reeleição. A emenda foi aprovada, em junho do mesmo ano e Cardoso reeleito. Já o ex-presidente Lula da Silva foi preso, em 2018, por crime conexo ao da corrupção na Petrobrás, tido como cérebro da quadrilha montada para financiar sua perpetuação no poder. É de excepcional novidade alguém ser culpado por criar organização criminosa já existente, embora nunca investigada durante o tucanato, e exiba patrimônio escandalosamente cômico em comparação ao do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Finalmente, à inexistência de condenados pela corrupção iniciada em 1997, sucedeu-se, desde 2016, a compra de tornozeleiras eletrônicas (a preços de monopólio judiciário), garantia da liberdade vigiada dos quadrilheiros Pedro Barusco, Paulo Roberto Costa, Jorge Zelaya, Nestor Cerveró e do reincidente doleiro Youssef. Segundo as investigações, orbitavam em power point ao redor de seu criador, Lula. Mas todos (embora o preço extorsivo das tornozeleiras), amparados por respeitáveis saldos bancários, fora as contas não descobertas pelos operadores da Lava Jato. Duvido que a Justiça brasileira, em qualquer de suas instâncias, preserve a memória de processos criminais de igual peculiaridade.

A Suprema Corte e a questão da lealdade, por André Araújo


A Suprema Corte e a questão da lealdade

por André Araújo

Um juiz indicado para um Supremo Tribunal deve ser leal a quem o indicou? A História indica que a lealdade é um dos mais altos valores civilizatórios, acima da conveniência política, acima da moral e da ética, é um valor essencial para compor as regras que fez o homem se alçar a um nível superior aos animais irracionais. Animais não são leais e só percorrem o caminho da sobrevivência, mas o homem se elevou para o patamar da civilização por um conjunto de valores entre os quais a lealdade está em lugar central através da História conhecida.

Lula e os pigmeus do boulevard - uma metáfora chamada Brasil

Stuckert



Lula se agigantou, usou a palavra como ninguém, festejou até não poder mais, abraçou a todos, agradeceu um por um, misturou sonho e delírio com realidade pé no chão, bem beira do asfalto. E cresceu ainda mais no imaginário popular tornando pigmeus as muitas lideranças políticas pré-fabricadas, pré-moldadas a golpes de uma mídia claramente canalha, escrota, golpista e venal.

Vejamos quem passou a integrar a tortuosa procissão dos pigmeus que receberam as tundas Morais, letais e certeirissimas de Lula em suas longas horas de resistência no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo:

CARTA PARA MEU COMPANHEIRO LULA: AGUENTA FIRME AÍ, MANO VELHO



São Paulo, 9 de abril de 2018.

Meu bom e velho companheiro Lula,

como não sei se as cartas enviadas para a Polícia Federal aí de Curitiba chegam ao destinatário, escrevo aqui no Balaio mesmo, que é a minha ligação com o mundo.

Também não sei se você tem acesso à internet, mas algum parente ou advogado poderia te repassar esta carta.

Primeiramente, meus parabéns pelo título do teu Corinthians. Foi muito merecido, a vitória do tostão do Carille contra o milhão da porcada.

Eu acuso



Cento e vinte anos depois do grito de Emile Zola, eu acuso o juiz Sérgio Moro de encarniçamento contra Lula em nome de um projeto de brilho pessoal. Eu acuso Moro de querer aparecer e de forçar instituições a partir de uma visão ideológica seletiva. Eu acuso Sérgio Moro de ter sido investigador, acusador e juiz. Eu o acuso de, contrariando o princípio de distanciamento do julgador, ter formado equipe com o Ministério Público e a Polícia Federal, apoiado por parte da mídia, para desequilibrar o jogo político brasileiro. Eu acuso o judiciário, numa das suas diversas ramificações, de parcialidade, subjetivismo e tendenciosidade, tendo, como prova dessa seletividade, deixado até hoje livre, sem ter mais foro privilegiado, por fatos ocorrido há 20 anos, condenado em segunda instância, no conveniente aguardo de demorado julgamento de embargos, o grande tucano Eduardo Azeredo, pai dos mensalões e ex-governador de Minas Gerais. Só no próximo dia 24 de abril, pressionado pelos acontecimentos atuais, acontecerá o julgamento do recurso de Azeredo. Será preso ou esperará em liberdade o exame dos embargos dos embargos que deverá interpor?

Preso político, Lula recebe solidariedade do mundo inteiro



Lula recebe solidariedade do mundo inteiro. O mundo manifesta sua repulsa à agressão jurídico-midiática perpetrada contra ele.

No estrangeiro, Lula é considerado um prisioneiro político que foi encarcerado não por crimes que não cometeu, mas pelas suas ideias e pela obra civilizatória e humanitária que executou como Presidente do Brasil em favor do povo pobre e que, por isso, deve ser duramente castigado.

Ao desfechar um dos seus lances principais, o golpe sofreu um baque não contabilizado: está sendo cada vez mais contestado e desmoralizado, em escala planetária.

O triste fim do senador Cristovam

Geraldo Magela


Mais uma vez, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) foi infeliz em seu posicionamento, nas redes sociais, perante a história. Dessa vez, utilizou sua conta oficial no Twitter para criticar o histórico discurso do ex-presidente Lula, horas antes de ser preso, no último sábado (7), em razão de uma condenação injusta, em que os prazos jurídicos foram extrapolados e em que a presunção da inocência, umas das cláusulas pétreas da nossa Constituição, foi desrespeitada.

O mínimo que se esperava de um homem público, naquele momento, era um claro e transparente posicionamento em defesa do estado democrático e de direito. Ao invés disso, o senador Cristovam optou pelo escapismo e cometeu mais uma injustiça contra Lula. Aproveitou a ocasião, ainda, para atacar as políticas educacionais dos governos do PT, como o ProUni, o Fies, o Sisu, o Reuni e a Lei de Cotas, que colocaram a inclusão educacional, especialmente dos mais pobres, como uma prioridade estratégica do país.

E agora, Brasil?


RUI TAVARES
https://www.publico.pt/

Já não é de hoje que da situação política brasileira emana um terrível fedor a situação pré-ditatorial.

É admissível achar que a governação de Lula operou uma transformação social do Brasil para muito melhor e que o Partido dos Trabalhadores, sob a liderança do mesmo Lula, pegou num sistema político que já era corrupto e não só não fez nada para o reformar como amplificou mesmo os vícios políticos do país, a começar pelo próprio “mensalão” com que comprou votos de congressistas — a exemplo do que tinha antes criticado veementemente com a presidência precedente do PSDB.