sexta-feira, 26 de abril de 2024

ENTREMENTES - Luta de opinião – o futebol brasileiro é movido a embates

João Saldanha foi o mais popular comentarista de seu tempo (Reprodução | Livro João Saldanha: Uma vida em jogo)

João Saldanha notou com precisão os conflitos em torno da modalidade. Confira trecho inédito do livro Palavras em jogo, sobre a relação entre cultura popular e política

Helcio Herbert Neto

“A força motriz do futebol brasileiro é essa luta de opinião”[1]

O comentário esportivo não é absoluto – não contém atributos imutáveis. O estudo histórico a respeito da radiodifusão escancara essa afirmação: na televisão e no rádio, as experiências dos comentaristas apontam no sentido de profundas transformações. Essa perspectiva assinala indícios de que o falar sobre o clube de coração ou a seleção nacional na cultura popular era igualmente submetido a alterações. As dinâmicas sociais atravessam e constituem a prática, em movimento marcado por embates. Daí a percepção de João Saldanha de que o fator a impulsionar o futebol brasileiro é justamente luta de opinião. Frequentemente, o integrante da Grande Resenha Facit[2] expôs pensatas a respeito da comunicação, com bom-humor e acidez.

A Argentina acorda do pesadelo Milei?

Foto: Rodrigo Abd/AP

Um milhão de estudantes vão às ruas, nos maiores protestos contra o presidente. Como sua política de neoliberalismo extremo destroça direitos, favorece o agro exportador e forja um país com preços europeus e salários miseráveis?


Por Pablo Gandolfo, no El Salto | Tradução: Rôney Rodrigues

Mais de 1.100 caminhões saem todas as noites para recolher lixo na cidade de Buenos Aires. Normalmente carregam 12 mil quilos cada. Na mesma rota atualmente coletam apenas 5 mil. A informação foi reportada por Pablo Moyano, dirigente sindical dos caminhoneiros. Ilustra a situação econômica que a Argentina atravessa desde que Javier Milei tenta transformá-la num paraíso para as grandes empresas — e num inferno para todos os outros.

A Alba e a emergência da luta anti-imperialista


Nicolás Maduro (Foto: Correo del Orinoco)

A Aliança Bolivariana para as Américas é parte dos países e regiões fundadoras do novo mundo que está nascendo e da nova ordem mundial multipolar


Por José Reinaldo Carvalho

Quando a ofensiva imperialista contra os direitos dos povos, a soberania nacional das nações da América Latina e Caribe e a integração para o desenvolvimento compartilhado se intensifica, ganha terreno e afasta determinadas forças de esquerda do caminho da luta consequente, eis que a Revolução Bolivariana, a três meses da eleição presidencial, faz um novo chamado à unidade e ao combate, convocando as forças progressistas e revolucionárias da região e os movimentos populares a uma reflexão profunda sobre estratégia, tática, métodos, organização, mobilização e unidade programática.

ENTREMENTES: CULTURA POPULAR E POLÍTICA - Como o funk carioca destruiu a paisagem musical

Explosão da carreira de Anitta data de 2013, ano das Jornadas de Junho (Bruno Concha | SECOM)

Mais de uma década separa a corrida por cliques nas atuais plataformas da implosão do circuito de bailes – causas e consequências de agitações de 2013. Veja no novo artigo da série Entrementes

Helcio Herbert Neto

Cheiro úmido e tremor no esterno do peito: duas sensações estranhas à experiência de escutar música no streaming. As frequências graves da parede sonora se somavam ao escuro dos bailes para oferecer aos presentes um estrago irremediável – com consequências culturais, políticas e sociais que, entre uma canção e outra, nem sempre eram tão perceptíveis. O funk carioca não fundou as viradas de madrugada, o volume alto nas caixas, as festas em ambiente fechado. Mesmo assim, foi capaz de destruir a paisagem musical.

Os BRICS e seu Novo Banco de Desenvolvimento

Fontes: CADTM

Será que os BRICS e o seu Novo Banco de Desenvolvimento oferecem alternativas ao Banco Mundial, ao FMI e às políticas promovidas pelas potências imperialistas tradicionais?


Nos últimos anos, a rejeição legítima das políticas promovidas pelas potências imperialistas tradicionais (América do Norte, Europa Ocidental e Japão) seguida dos anúncios feitos pelos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul) têm despertado grande interesse e a expectativa de grandes mudanças, incluindo a criação de uma moeda comum para desafiar o dólar como moeda dominante. O que tudo isso realmente significa? Qual é o saldo do Novo Banco de Desenvolvimento e do Fundo Monetário do BRICS?

Em poucos números, qual é o peso dos BRICS ?

Os cinco países membros fundadores dos BRICS [1] criados em 2011 são Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, representam 27% do PIB mundial, 20% das exportações mundiais, 20% da produção mundial de petróleo, 41% da a população mundial. Acrescente-se que na cimeira de agosto de 2023 foi anunciada uma expansão dos BRICS e a sigla do grupo expandido passa a ser BRICS+. Mais seis países adeririam: Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irã e Argentina. Finalmente, após a eleição de Javier Milei em novembro de 2023, a Argentina retirou-se. Se somarmos os cinco novos membros para calcular o peso do BRICS+, a grande mudança em relação à situação anterior refere-se à produção de petróleo. Os BRICS+ representam 42% da produção global de petróleo e 51% das emissões de gases com efeito de estufa. Alguns dados adicionais: os BRICS+ representam 29% do PIB mundial, 25% das exportações mundiais e 45% da população do planeta.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Quem tem boca vai a Londres


Karim Miskulin e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução)

É estranho que altas autoridades participem de evento organizado pela empresária que vê Bolsonaro como perseguido por essas mesmas autoridades

Moisés Mendes
brasil247.com/

Uma pergunta: que grupo vinculado a nomes progressistas, democratas ou de esquerda – ou com outra definição que os apresentem como contraponto à direita e à extrema direita – conseguiria reunir duas dúzias de altas autoridades de República num evento, não em Londres, mas em qualquer cidade brasileira?

Guerras de censura: Elon Musk, comissários de segurança e conteúdo violento

Fonte da fotografia: Steve Jurvetson – CC BY 2.0

Por BINOY CAMPMARK
counterpunch.org/

As atitudes em relação às mídias sociais tornaram-se excêntricas. Embora haja muitos motivos para criticar Elon Musk por suas palhaçadas de demolição na plataforma anteriormente conhecida como Twitter, sem mencionar seu senso altamente desenvolvido de sociopatia, a histeria em relação à recusa em remover imagens de um homem em ordens sagradas sendo atacado por seu agressor em Sydney sugere que uma longa sessão no sofá é necessária. Mas, mais do que isso, sugere que os censores estão a tentar, mais do que nunca, dizer aos utilizadores o que ver e em que condições, por medo de que todos nós peguemos numa arma e entremos em fúria.

Marielle Franco e a intervenção federal


Por PAULO FERNANDES SILVEIRA*
aterraeredonda.com.br/

A intervenção federal no Rio de Janeiro não visava, apenas, a questão da segurança pública no estado. Ela era parte fundamental de um projeto político

Post de Marielle Franco no Facebook, quatro dias antes de ser assassinada.

“Não permitiremos que se transforme no caso Amarildo, cujo assassinato desmoralizou o programa de UPPs”
(Carlos Marun, citado em HIRABAHASI; RODRIGUES, 2018).

“Poderia ter anunciado a solução do caso Marielle, diz Braga Netto”
(RESENDE, 2019).

Ao discorrer sobre as possíveis motivações para os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, o relatório final da Polícia Federal traça um panorama da atuação política de Marielle Franco nos dois anos em que foi vereadora: “O seu curto mandato ficou marcado pela defesa das mulheres, da igualdade racial e da agenda LGBTQIA+ (…) Marielle notabilizou-se, outrossim, pelas duras críticas aos políticos, notadamente, aqueles do PMDB/RJ (…); pela repressão à violência policial em comunidades carentes; bem como pela oposição à recém decretada intervenção federal, em fevereiro de 2018, tendo inclusive, sido nomeada Presidente da Comissão de Fiscalização da Intervenção, poucas semanas antes de ser vitimada. Contudo, pelos fatos retratados na colaboração premiada de Ronnie Lessa, o motivo determinante de sua morte estaria relacionado a uma questão desempenhada de maneira mais discreta pelo seu mandato parlamentar, qual seja: a defesa do direito à moradia” (POLÍCIA FEDERAL, 2024, p. 258).