domingo, 15 de julho de 2018

A farra dos refri, R$ 8,5 bilhões


Senadores Azis, Braga e Vanessa Gazziotin (esquerda) defendem o lobby dos refrigerantes

GILBERTO MENEZES CÔRTES, gilberto.cortes@jb.com.br

Quando assumiu o ministério da Fazenda, há três meses, Eduardo Guardia, ex-secretário Geral de Henrique Meirelles, traçara como meta reforçar o caixa com a reoneração da folha de pagamentos de alguns setores, as privatizações, como a da Eletrobras e suas subsidiárias, e a revisão da cessão onerosa entre a Petrobras e a União, com venda do excedente que coubesse à União. Foi atropelado pelas concessões que o governo teve de fazer na greve dos caminhoneiros. O que parecia ruim, com o baixo crescimento da economia, ficou pior. 

Política externa e eleições



No Brasil, as questões relativas à inserção internacional do país normalmente não têm centralidade nos debates e programas eleitorais. Com efeito, ao contrário dos temas atinentes à política econômica, educação, saúde, segurança pública etc., a política externa ocupa espaços secundários, muito restritos, nos discursos eleitorais.

Isso é o que é, mas não é o que deveria ser.

Por quê? Porque a política externa, que conduz a uma determina inserção internacional do país, condiciona ou mesmo determina o possível projeto de Nação a ser implantado e o rumo das próprias políticas internas.

Mais do que parcial. Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Publicado por Larissa Bernardes
            Sérgio Moro. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Fotos Públicas


POR LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA, ex-ministro e professor emérito da FGV

A Procuradoria-Geral da República (PGR) posicionou-se contra o pedido da defesa de Lula para considerar o juiz Sergio Moro suspeito e afastá-lo do processo do sítio de Atibaia. Para os advogados de Lula, Moro é parcial. Eu diria que é mais do que parcial, ele é “parte” em uma guerra sua e de sua “força tarefa” contra o ex-presidente. Um juiz é parcial quando se inclina por uma parte contra a outra. Não é esse o caso do juiz Moro. Ele e sua força-tarefa de procuradores federais iniciaram um processo originalmente admirável, a operação Lava Jato – admirável porque denunciou e prendeu um conjunto de bandidos evidentes.

Ressaca da Internet, espírito do tempo




Enfrentar as velhas mídias? Criar outra política? Os sonhos que apostavam na rede foram tragados por um punhado de corporações e pela vigilância. Será possível recomeçar?

Por Leonardo Foletto, na coluna BaixaCultura que estreia em Outras Palavras

Escrevo e acompanho as discussões, avanços e retrocessos da internet e do que se convencionou chamar de cultura digital desde 2008, quando criei o site BaixaCultura com um amigo. Já se foram 10 anos e tanto mudou nesse período que posso apontar, não apenas questões pontuais, mas todo um espírito do tempo (como dizem os alemães, zeitgeist) diferente hoje. Que pode ser resumido numa expressão que tenho usado faz alguns meses por aí: ressaca da internet. Depositamos tantas possibilidades de libertação (da informação, confrontando grandes grupos midiáticos; de liberdade de falar o que bem quiser; de criar tecnologias e mundos novos) que nos descuidamos, ou não conseguimos, prestar atenção na ascensão dos monopólios das empresas de tecnologia, na construção de bolhas de informação que confirmam pontos de vista e na cada vez mais real possibilidade da internet virar uma TV a cabo, com o já proclamado fim da neutralidade da rede. Tomamos um porre de otimismo. E agora – ou melhor, desde pelo menos 2016 – estamos na fase de ressaca, refém dos monopólios da internet, da comercialização de qualquer dado deixado na rede, das fake news chegando de todos os lados. Distopia pura.

"A voz da violência"



Janio de Freitas, com muito mais talento, observa hoje, na Folha, aquilo que ontem se abordou aqui: a inércia cúmplice da Justiça e da imprensa ante a pregação da barbárie feita por jair Bolsonaro.

Inércia, digo eu? É pouco, o que há é uma solidariedade ativa – ainda que indireta – para acentuar o clima de divisão primário a que, desde há tempos, levou-se este país.

Cadê a repercussão?, por Rui Daher


Por Rui Daher

A pergunta é singela, mas não quer calar. Vem curta e grossa.

O que têm a dizer as folhas e telas cotidianas contrárias ao Brasil sobre a matéria de capa da atual edição da revista CartaCapital “O Príncipe da Casa-Grande”? Valem concepção de capa, editorial de Mino Carta e, principalmente, o excelente trabalho de pesquisa e texto de Alceu Luís Castilho, jornalista, editor do site De Olho nos Ruralistas, colaboração de Igor Carvalho.

Como assessores agem para barrar notícias de interesse público?

por Agência Pública 

Entre os políticos que os contratam e a população que paga seus salários, com quem está a lealdade dos assessores de imprensa do Estado brasileiro?

     Bruno Fonseca/Agência Pública

Por Fausto Salvadori 

Em 16 de agosto do ano passado, um assessor de imprensa foi flagrado dizendo a verdade. O flagrante custou o seu emprego.

Aconteceu durante uma reunião da Comissão Municipal de Acesso à Informação (Cmai) da cidade de São Paulo, que reúne representantes de seis secretarias, além do gabinete da prefeitura e da Controladoria-Geral do Município, e tem como missão definir as políticas de transparência do município.

Também dá a palavra final sobre os pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação (LAI) que são negados nas duas primeiras instâncias. No áudio da reunião, que veio a público numa reportagem de O Estado de S.Paulo em 8 de novembro, o assessor de imprensa Lucas Tavares, chefe de gabinete da Secretaria Especial de Comunicação (Secom) da prefeitura de São Paulo, fala em “dificultar a vida” dos jornalistas “chatos” que fazem pedidos de informação.

sábado, 14 de julho de 2018

A competência está desprezada e o que importa é o próprio poder

     O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia de sua prisão, em abril. (Foto: Rahel Patrasso/Xinhua)
https://www.conjur.com.br/

Os fatos ocorridos durante o domingo (8/7) expuseram as vísceras de uma grave conjuntura de ofensas aos preceitos constitucionais. Trata-se do aparato criado a fim de impedir a soltura do ex-presidente Lula, determinada pelo desembargador federal de plantão Rogério Favreto, cuja ordem foi “suspensa” por autoridade inferiormente hierárquica — o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba — a pretexto de falta de competência do desembargador plantonista para o deferimento da liminar. Na sequência, o desembargador Gebran Neto, também sem jurisdição, proferiu decisão ratificando a tese de incompetência e determinando o descumprimento do alvará de soltura, sob o pretexto de que a liminar em questão violara pretérita decisão colegiada da 8ª Turma do TRF-4. Por fim, o presidente do tribunal recebeu e acatou medida cautelar requisitada pelo Ministério Público Federal, prevista no artigo 314 do Regimento Interno daquele tribunal, a despeito de as possibilidades do citado dispositivo não versarem sobre Habeas Corpus[1] e inexistir previsão para que o presidente decida monocraticamente conflitos positivos de competência.